Um monge meu amigo, eminente professor e, na fé, um pensador de alta
sutileza e erudição, vive o conflito entre o que sabe, estudou,
intui em suas vivências particulares, e entre o sacrifício de dar
aulas para alunos que chegam à sua classe despreparados ou desinteressados
ou então intoxicados por uma cultura superficial que lhes é imposta
pela mídia, sem que percebam.
Tudo isso acaba por provocar nos alunos e alunas um desamor ao livro, ao pensamento,
à reflexão. O sábio monge estende a sua experiência
pessoal para todo o País e deplora profundamente as deficiências
de nosso sistema educativo, que todos os governos se esforçam por diminuir
e não conseguem. No fundo, no fundo, concluo eu, não conseguem,
porque realmente os gastos estatais com a formação de quadros
competentes para o futuro (educação) são substituídos
com o que se gasta na prioridade dada às questões econômicas.
Pois esse monge me relatou uma história que repasso a vocês, ligada,
segundo consta, a um colégio do Rio de Janeiro, na prova final do terceiro
ano.
O professor solicitou uma redação com a seguinte proposta:
"Faça uma análise sobre a importância do Vale do Paraíba"
Resposta de um aluno:
"O Vale do Paraíba é de suma importância, pois, não
podemos discriminar esses importantes cidadãos. Já que existem
o Vale-Transporte e o Vale do Idoso, por que não existir também o Vale do Paraíba?
Além disso sabemos que os Paraíbas, de um modo geral, trabalham
em obras ou portarias de edifícios e ganham pouco.Então, o dinheiro
que entra no meio do mês (que é o Vale), é muito importante
para ele equilibrar sua economia familiar."
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