Quando uma pessoa, um político por exemplo, vive mergulhado nas atividades
do fazer, do agir, do disputar, sempre acaba massacrado pelos desgaste interior,
preço pago para a atividade externa, a de ação sobre o
mundo. Dói demais fazer o que não se quer para um dia (quando?)
poder realizar o ideal ou interesse sonhado. Isso se dá na política,
na carreira, na vida ou nas empresas Sacrifica-se o valor subjetivo, interno
ou espiritual em nome de metas ou concretos ideais ou interesses mais altos.
A pessoa corre o risco de chegar corrompida pela necessidade de vitória
a qualquer preço ou poder.
Quando, porém, o ser humano está mergulhado na atividade do não-fazer,
do contemplar, do orar, do meditar, do exercer decididamente a sua vida interior,
por vezes ele se percebe ( e sofre) como marginal dos atos que efetivamente
mudam o mundo ou o próprio país, ou empresa ou família
etc., atos que conduziriam os demais para o equilíbrio social, sempre
sonhado pelos povos e alcançado por muito poucos.
No primeiro caso (ação objetiva sobre o mundo) não se atende
à clamorosa necessidade de espiritualidade do homem contemporâneo.
E há o risco de se vender a alma ao diabo... No segundo caso ( só
atender às necessidades interiores de elevação espiritual
e meditação) não se enfrenta a injustiça no mundo
nem a violência. Uma alma que busca a felicidade na contemplação,
por outro lado capitula diante de sociedades materialistas e mercantilistas
que levam o mundo e o homem à destruição da natureza e
do próximo. A batalha humana é, então, vencida pela cupidez
e uma visão de progresso concebido em termos puramente econômicos.
A resposta - se existe - está no equilíbrio sempre errático
entre a ação material e os objetivos espirituais da vida, sem
os quais tanto a ação como as inações são
vazias, inúteis e sem sentido. E com os quais ambas se tornam vivas e
úteis.
Quem se dispõe a viver e superar ou equilibrar este conflito?
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