Como também trabalho com música em rádio e TV, recebi
há tempos uma carta de Brasília, assinava-a Rosa
Torres. Ela diz com grande agudeza e síntese:
"Aproveito para agradecer-lhe o serviço socialmente prestado à
evolução do homem através da música. Apesar de que
pouco saibamos sobre o valor de uma peça musical de qualidade, todos
conhecemos o efeito perverso sobre nosso ânimo ( vem de ânima, alma)
de um som desarmonioso, estridente. Dependendo de sua longitude de onda, uma
certa nota tonal pode transportar a alma para um nível onde conhece uma
expansão não costumeira em nosso dia a dia no planeta. Para resumir
a importância da música, numa escala de valores de 1 a 7, iniciando-se,
na base com a Verdade ( que todos buscamos), o segundo nível será
a Esperança; posto que, quando há Verdade, há Esperança.
E se Verdade e Esperança estão presentes, então, há
VIDA. Se houver Vida, haverá Paz. Se há Paz há Harmonia,
porque a Harmonia reina onda a Paz se alcança.. Sendo Harmônico,
é Belo.E se há Beleza, então, soa a Música das Esferas."
E respondo.
Rosa:
Muito grato pelas sábias palavras. Hoje o mundo é envolto por
enorme bolha mercadológica que envolve a maioria das pessoas e serve
aos interesses da indústria do disco e da estratégia de audiência
das rádios e TVs^. Essa bolha engloba o lado desarmônico e fragmentado
herança recebida do século vinte. Veja o rock. É a música
do feio. Em todos os sentidos. Nada obstante é representativo de um mundo
feio por suas desarmonias e confusão de valores de vida entre os de natureza
materialista e econômica e a resistência dos valores da harmonia
e do espírito. É a estética da desconstrução.
Acho que vale como sociologia, jamais como música. Precisamos urgentemente
mudar os padrões musicais da mídia, principalmente a do rádio
que é um formador diário, permanente, teimoso, penetrante, da
cultura da alma, tão importante como a da inteligência. E pena
que também esta anda desaparecendo da mídia, principalmente a
eletrônica. Pena que poucos se preocupem com isso.
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