A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

A anatomia escondida

(Artur da Távola)

O nariz é intrometido.
O olho é volúvel.
O ouvido é profundo.
O coração é supersticioso.
A orelha é dengosa.
A nuca é ninfomaníaca.
A boca é só surpresa.
O lóbulo da orelha é meigo.
O joelho é político articulador.
O pâncreas vive de ameaçar,
A próstata também.
O estômago é chorão.
O cabelo é vaidoso.
O dedo é mágico.
A virilha é maliciosa.
A axila é mal-humorada.
O pênis é ciclotímico.
O clitóris é o êxtase.
O cotovelo é raivoso.
A vagina é dependente química.
O dente é estapafúrdio.
A língua é oportunista.
O pé sabe o que quer.
A nádega é feliz, ou bisonha.
A canela é ingênua.
A saliva é contraditória.
O tornozelo é taciturno.
O ânus tem síndrome do pânico.
A pele é namoradeira.
A testa é franca.
A coxa é pretensiosa.
O seio é bem mandado.
A barba é atrevida.
O mamilo é arisco.
Os pêlos são indiscretos.
O braço é o paraíso da penugem
O umbigo ainda será descoberto.
O fígado é abstêmio.
A inteligência é contraditória.
A memória é cósmica.
A mente é infinita.

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente