Amar está correto como verbo. É ação. Amor deveria
ser outro verbo. E o é no idioma da alma. Eu amoro, tu amoras, ele amora,
nós amoramos, vós amorais, eles amoram. Assim é o verbo
amor no presente. Fica inventado a partir de agora.
Pode-se amar sem amor; amar com amor; desamar com amor. Existem: amor por quem
se amou; amor por quem se ama; amor por quem se amaria. Porém não
se pode amar quem se amou, ou quem se amaria. Só se ama a quem se ama.
Amor não é igual a amar. Amar é estado ativo, e sua conjugação
deveria ser imperfeita, só existir no presente e no gerúndio.
As demais formas deveriam ser do verbo amor. Amor não é substantivo:
é verbo subjetivo. Amar é presente, gerúndio, ativo, inebriante,
pulsátil, vitalizador. Amor é mais amplo, profundo, generoso e
calado. Existe até quando não mais se ama. E, até mesmo,
quando não se ama. É sentimento profuso, amplo, capaz de existir
ainda quando se deixa de amar. É presente mas passado, futuro. É
indicativo e subjuntivo.
'Eu amo' e 'Eu sinto amor' não quer dizer o mesmo. O presente de amar
não deveria ser amo e, sim "eu amoro", etc. Amo é o
presente do verbo Amor. A plenitude só se dá quando amor e amar
coincidem. Amar é calor. Amor é o sol.
Amar é continente. Amor é conteúdo.
Amar é buscar. Amor é saber.
Amar é liberdade. Amor é sabedoria.
Para se amar, não é necessário o amor. E, sem o amor, o
amar passa. Quando existe amor, o amar é melhor. E pode durar. Amar por
amor eis a perfeição.
Amar é posse. Amor é doação. Amar foge. Amor reúne.
Amar é delícia instintiva. Amor é milagre existencial.
Amar tolda. Amor revela. Amar é alegria. Amor é felicidade.
O amor sente. O amor sabe.
O amar está. O amor é.
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