Só se fala em Reforma Política. Ela é mais que essencial
para melhorar e moralizar a política brasileira. Semana passada até
os doutos da Ordem dos Advogados do Brasil andaram a se reunir para o assunto.
Saíram umas decisõezonhas, úteis, porém sem qualquer
profundidade por não atingirem o cerne do problema. Pensei, com meus
botões: puxa vida, nem a OAB toca no problema central.
Por isso, afirmo com mais de 40 anos de atividade política, dando o melhor
de meu tempo e minha vida na ilusão de que ajudaria (muito mais do que
pude ajudar) o meu País. Porém tudo isso virou experiência.
Por isso, afirmo apenas duas questões sem as quais jamais haverá
reforma política:
1) Jamais haverá reforma política no País sem a adoção
do Parlamentarismo. O Presidencialismo é uma ditadura legal, desorganiza
ou jamais organiza os Partidos e entrega o País inteiro ao discernimento
(ou destrambelhamento) de uma só pessoa. É uma loucura dentro
da Lei. Porém de Parlamentarismo tenho falado demais nesta modesta coluna.
2) Jamais haverá reforma política no País sem a fidelidade
partidária. Só que fidelidade partidária não é
o que dizem ser. Preliminarmente: Jamais haverá fidelidade partidária
se antes não houver a democratização interna dos partidos.
E o que é democracia interna nos partidos? É ter suas decisões
e linhas gerais aprovadas pelos Diretórios e, não, pelas Executivas
ou pelos "donos" dos Partidos. Isso é meio complicado. Tento
esclarecer: o Diretório é como se fosse o Parlamento, o centro
de discussões, debates e decisões partidárias. A Executiva
é apenas uma comissão, nomeada, leram bem, nomeada pelo
diretório para dirigir as ações do partido. Não
para decidir por ele. E no Brasil quem decide é a comissão executiva,
logo, a cúpula. E por isso os partidos jamais se renovam. Vejam o PMDB
maior partido do Brasil: ele existe e não existe. Por que? Em cada estado
uma oligarquia local domina a executiva e não larga o osso. Se se ouvissem
os Diretórios aí sim os partidos seriam dinâmicos e o que
básico: democráticos. Fidelidade partidária não
é ficar alguém obrigado a não se des-filiar. Esta é
a aparência do problema. Infidelidade partidária é descumprir
as decisões partidárias e votar contra o que decidam o Diretório
em primeiro lugar, a Executiva em segundo e a Bancada em terceiro. Isso é
que é infidelidade partidária: votar contra as decisões
partidárias.
3) Portanto sem Parlamentarismo e sem democracia interna nos Partidos jamais
haverá Reforma Política séria. Apenas esparadrapos.
Que tal comprar um livro de Artur da Távola?![]() O Jugo das Palavras |