· Poucos repararam, porém há um dado que merece reflexão:
Tivemos 125.913.479 eleitores neste pleito.Houve quase 19% de abstenções.
4,72 % de votos nulos.E 1,33% de votos em branco. Isso deu um total pouco mais
de 30 milhões de eleitores que de alguma forma rejeitaram o pleito. Para
ser exato, 30.310.693 , o que corresponde quase à votação
do segundo colocado (Alckmim). Ora uma eleição em que 34% desistem
de votar é número relativo ao desencanto de grande parte do eleitorado
com a classe política, Oxalá esta possa meditar no que isso significa.
· Nada contra o Requião. Mas foi uma pena o Paraná não
fazer uma experiência com o Osmar Dias com quem convivi oito anos no Senado
e posso atestar a seriedade, o equilíbrio, o espírito público
e o conhecimento de problemas reais de e seu estado e do País. Um homem
público de grande valor, que por não fazer espetáculos
de mídia, talvez tenha sido prejudicado.
· Não agüento mais tanta entrevista de "cientista político"
na TV... 70% entendem de ciência e até de história: porém
não de política. E supõem ter imparcialidade quando esta
não existe em ninguém. Mas falam difícil e isso impressiona.
· Ademais política não é ciência: é
arte.
· Ainda no domingo da eleição, este jardineiro de palavras
aqui, conversava com uma competente cientista política, Professora Ely
Diniz, pessoa muito séria, estudiosa e que não se exibe: apenas
dá aulas e não pára de pesquisar. E ambos concordávamos
em que a ciência política existe para estudar o que aconteceu anos
antes e, não o que acontece no momento e muito menos sacar para o futuro,
como deseja a mídia.
· Quem entende de política é político ponderado
e sem paixão. Concordo que é raro. Mas existe.
· Em matéria de entrevistas de vitoriosos, (claro que é
impossível ouvir todas), a que mais me impressionou em matéria
de serenidade, seriedade e menção a soluções concretas
foi a de Sérgio Cabral ontem na rádio CBN.
· Curioso (mas explicável): os dois partidos mais fortes do Brasil,
PT e PSDB, no caso do Rio de Janeiro foram os maiores fracassados: um desastre.
· Há muitos anos digo que o PMDB é ao mesmo tempo o herói
e o vilão da política brasileira. Trata-se de um partido que não
existe e no entanto é o mais forte. Vive de uma ambigüidade esperta,
que embora sem coluna vertebral nem princípios doutrinários e
nenhum grande líder nacional é o que sempre se sai melhor nas
eleições. O que comprova a esperteza de seus membros e a despolitização
alarmante do Brasil.
· Um dia este País se dará conta de que presidencialismo
é um atraso de vida. Mas quando, meu Deus? Quando?
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