O verdadeiro sentido da palavra equívoco, não é "erro".
A palavra deriva de "aequivocu", isto é, "aequi"
que quer dizer concomitante, ao mesmo tempo e vocu que vem de vozes. Equívoco,
é, portanto, chamados (vozes) a emitir, ao mesmo tempo, significações,
apelos e atropelos contraditórios ou opostos. Assim acontece na comunicação
(e na vida) contemporânea. Os apelos e as chamadas nos chegam em forma
de bombardeio simultâneo. Ocorre a simultaneidade de vozes ora contraditórias,
ora antagônicas, ora perturbadoras, ora sedutoras, ora convincentes, ora
"vendedoras". Se o fenômeno é comum ao bombardeio comunicativo
diário, aumenta em casos de guerra ou de crise política, ou campanhas
eleitorais ou referendos como estamos a viver agora nessa confusão entre
o sim e o não como voto para o domingo que vem.
Pessoalmente não estou confuso e por fortes razões éticas,
votarei no SIM, porém o grande público está desorientado
e a defesa de cada lado em rádio e TV, caracteriza uma típica
comunicação do equívoco. Isto é, há argumentos
poderosos e válidos de ambos os lados, misturados a argumentos falaciosos.
O público acaba por repetir e estender a linguagem da comunicação
equívoca e ela, então, cresce, se amplia, espalha-se, ganha ainda
mais conotações, vícios, cacoetes, distorções,
ecos. Dá-se uma repercussão difusa, errática, superficial,
necessariamente enganosa, mesmo sem querer.
O fenômeno gera alto índice de engano e confusão, como a
meu ver a que deriva da propaganda do Não.Vai ganhar uma das propagandas
e, não uma das idéias. O mesmo ocorreu quando do plebiscito sobre
presidencialismo ou parlamentarismo, lembram-se? Uma pergunta maldosa e repleta
de sofismas da propaganda do presidencialismo matou o parlamentarismo. E o presidencialismo
é isto que está aí e assistimos estarrecidos...
Em síntese: com base em fato real, em pedaços de fato, em verdade
parcial ou meia verdade, a comunicação do equívoco pode
se disseminar numa sociedade inteira. Então, o que é um pedaço,
um ângulo ou face do real supera a própria realidade E a partir
daí surge um problema ético: a informação, quando
tratada por marqueteiros deixa de ser processada como informação
para o ser como estratégia . Taí a eleição do Lulinha
paz e amor que o País inteiro hoje percebe que foi muito mais Duda (Mendonça)
Lá, do que Lula lá....
Por causa da comunicação do equivoco, passada como propaganda
e não como informação precisa, temo, deveras pelo resultado
que pode vir a ser trágico, no caso do referendo de domingo. Principalmente
se ganhar o não. Se já está difícil sendo como é
hoje em dia, o que não será com o País todo armado?...
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