Semana passada circulava na Internet que o SIM impede a compra, porém
deixa livre o porte. Este argumento engana. A maioria do povo não sabe
que o Plebiscito cuja data se aproxima, articula-se com o Estatuto do Desarmamento,
Lei aprovada em 2003, e que mesmo sendo por demais leniente, ainda assim foi
um passo adiante. A questão do porte de armas está colocada com
os devidos cuidados no Estatuto do Desarmamento, repito, não se sustentando,
portanto, o suspicaz argumento de que se deseja proibir a compra sem limitar
o porte.
O problema central é: queremos um País armado ou desarmado? (amado
ou desalmado)? Se o queremos armado, como já está hoje em dia,
então que a barbárie seja total. E sofro por antecipação
com a hipótese dessa loucura coletiva. Se o queremos desarmado, em prazo
médio ajudaremos a diminuir o brutal número atual de homicídios
com armas que chega perto de 30 mil pessoas por ano. Desses, a maioria se dá
por razões insignificantes, erros ou rixas súbitas que toldam
a mente do brigão.
Acrescento outro argumento ético, este sem ter diretamente a ver com
o que está escrito acima: A indústria armamentista, de qualquer
porte ou jaez é a mais sórdida dentre todas as atividades humanas.
Fomenta guerras e vende armas para os dois lados. É uma indústria
da morte e não da vida. Se não existisse essa monstruosa e bilionária
indústria armamentista, condutora só de dor e desgraça,
caso ela não existisse, repito, o mundo seria um jardim. Liberar o armamento
é a mais trágica forma de deixar a loucura circular livremente.
Mas o pior de todos os argumentos, porque enganoso e é abundante na propaganda
do Não em televisão e rádio (ouvi até o Jô
Soares defendê-lo de boa fé, em seu programa de quarta feira da
semana passada, logo ele, uma pessoa inteligente, de QI altíssimo) é
a idéia de que votar Sim é atentar contra a liberdade individual!
Eis um total absurdo! Os defensores dessa tese fazem a analogia com os regimes
totalitários, que proibiram o uso de armamentos pela população
civil em nome da defesa do Estado. Esse sofisma é perigoso porque não
é verdadeiro, mas é verossimilhante. E para a média das
pessoas é mais fácil crer na verossimilhança (o que se
assemelha á verdade sem o ser) do que na verdade. Ora, seria um atentado
à liberdade se fosse imposto. Mas está a ser perguntado à
sociedade!!! Nada menos totalitário ou autoritário. Democracia
direta e das boas, exemplo que o Brasil deveria seguir em vários outros
temas de natureza moral como, por exemplo, abertura do jogo, pena de morte,
eutanásia etc.. Ouvir a população! Questões éticas
e morais estão além da decisão do Congresso. Cabem ao povo,
como ocorrerá agora com o plebiscito do dia 23.
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