A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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É votar no sim

(Artur da Távola)

Semana passada circulava na Internet que o SIM impede a compra, porém deixa livre o porte. Este argumento engana. A maioria do povo não sabe que o Plebiscito cuja data se aproxima, articula-se com o Estatuto do Desarmamento, Lei aprovada em 2003, e que mesmo sendo por demais leniente, ainda assim foi um passo adiante. A questão do porte de armas está colocada com os devidos cuidados no Estatuto do Desarmamento, repito, não se sustentando, portanto, o suspicaz argumento de que se deseja proibir a compra sem limitar o porte.

O problema central é: queremos um País armado ou desarmado? (amado ou desalmado)? Se o queremos armado, como já está hoje em dia, então que a barbárie seja total. E sofro por antecipação com a hipótese dessa loucura coletiva. Se o queremos desarmado, em prazo médio ajudaremos a diminuir o brutal número atual de homicídios com armas que chega perto de 30 mil pessoas por ano. Desses, a maioria se dá por razões insignificantes, erros ou rixas súbitas que toldam a mente do brigão.

Acrescento outro argumento ético, este sem ter diretamente a ver com o que está escrito acima: A indústria armamentista, de qualquer porte ou jaez é a mais sórdida dentre todas as atividades humanas. Fomenta guerras e vende armas para os dois lados. É uma indústria da morte e não da vida. Se não existisse essa monstruosa e bilionária indústria armamentista, condutora só de dor e desgraça, caso ela não existisse, repito, o mundo seria um jardim. Liberar o armamento é a mais trágica forma de deixar a loucura circular livremente.

Mas o pior de todos os argumentos, porque enganoso e é abundante na propaganda do Não em televisão e rádio (ouvi até o Jô Soares defendê-lo de boa fé, em seu programa de quarta feira da semana passada, logo ele, uma pessoa inteligente, de QI altíssimo) é a idéia de que votar Sim é atentar contra a liberdade individual! Eis um total absurdo! Os defensores dessa tese fazem a analogia com os regimes totalitários, que proibiram o uso de armamentos pela população civil em nome da defesa do Estado. Esse sofisma é perigoso porque não é verdadeiro, mas é verossimilhante. E para a média das pessoas é mais fácil crer na verossimilhança (o que se assemelha á verdade sem o ser) do que na verdade. Ora, seria um atentado à liberdade se fosse imposto. Mas está a ser perguntado à sociedade!!! Nada menos totalitário ou autoritário. Democracia direta e das boas, exemplo que o Brasil deveria seguir em vários outros temas de natureza moral como, por exemplo, abertura do jogo, pena de morte, eutanásia etc.. Ouvir a população! Questões éticas e morais estão além da decisão do Congresso. Cabem ao povo, como ocorrerá agora com o plebiscito do dia 23.

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