Muito obrigado, Ronald Golias, pelos cinqüenta anos de alegria que nos
proporcionou. Um país inteiro o amou, não como o galã da
novela das oito, mas pelas dezenas de personagens criados. Qual o Costinha,
você tinha o condão de fazer rir, antes de começar a falar,
com expressão facial única, e os músculos que sabia mover
detonavam riso imediato.
E quanto trabalho o seu, o cansativo labor de horas, noites e madrugadas na
televisão, em cinco décadas do melhor bom humor. Pois me lembro
de quando entrava no palco, com a aba do boné para o lado, décadas
antes de a rapaziada e os rappers o fazerem como uniforme de rebeldes com ou
sem causa. Era lá pelo final da década de 50, com o Manoel da
Nóbrega, pai do Carlos Alberto: "Cride"! "Ô Cride"
detonava uma gargalhada nacional
Seu humor valia-se do súbito de que você era capaz e desconcertava
os que contracenavam com você, levando-os (e a nós) a rir fora
do "escripiti". Era a personalização de figuras populares
ou mágicas, como aquele xeique árabe que concluía de modo
maravilhoso a Praça É Nossa. Você era povão, sanduíche
de mortadela, o falso bobo, o distraído, o desastrado, o eterno e impossível
enamorado, o puro, tudo sobre um fundo de grande bondade, percebido sem ser
definido. E assim era a sua comunicação com o público,
paralelamente ao texto.
Prefiro ficar com sua alegria, os tiques nervosos, pura delícia de tensão
descarregada e anedotas que só em certas ocasiões você contava,
como uma, há anos, no Programa do Jô, sentado no chão para
imitar os gestos. Peço para as senhoras pudicas, os menores e as senhoritas
castas saírem do artigo daqui em diante, pois não me responsabilizo
pelo que contou e quase mata de rir ao próprio Jô, ao auditório
e a este seu fã em casa! Dou-lhe a palavra, Ronald Golias:
"Aquele sério senhor de uns 47 anos, casado há mais de
vinte, numa tarde em que a mulher saíra de casa, teve uma súbita
ereção, o que lhe não ocorria espontaneamente há
muitos anos. "E agora"? - perguntou a si mesmo. E respondeu mentalmente:
"que engraçado: há mais de vinte anos, desde rapazote, que
não me masturbo. Acho que vou aproveitar a casa quieta e "sair na
mão", na base do não tem tu, vai tu mesmo.... Uma vez só
não será problema." E lá se foi para a cama do quarto,
cobriu a colcha com uma toalha velha e tome choc, choc, choc.
No exato momento em que ejaculava a esmo, com o pênis ainda ereto envolto
pela mão direita, a mulher dele, que voltara mais cedo, entra no quarto
e dá com aquela cena bizarra. E ele, com presença de espírito
genial: "Querida! Você não morre tão cedo!"
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