A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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Nada detém a marcha do tempo

(Marcial Salaverry)

Essa é uma das maiores verdades que enfrentamos na vida, ou seja, que nada detém a macha do tempo, pois os anos vão passando, e com ele a vida vai correndo, e assim, enquanto a juventude vai ficando para trás, vamos acumulando experiência, formando um cabedal de conhecimentos que poderá os ser muito útil, desde que saibamos analisar as experiências vividas, sabendo separar o que fizemos de certo ou de errado.

Algo que desde criança sempre ouvi os mais velhos falarem: "Gostaria de voltar aos meus 20 anos, mas com a experiência de vida que tenho hoje..." Sem dúvida alguma, juntar-se ao vigor da juventude, a experiência que vida traz em sua vivência, seria o ideal, e assim, é pena ser essa uma conjunção impossível.

Precisamos ir aprendendo com os erros cometidos. Assim formaremos nossa bagagem de experiência, que poderá nos permitir ter algo a passar para os jovens, e utilizar durante nossa idosidade.

A experiência de vida nos traz uma grande vantagem. Se soubermos olhar para trás, percebendo quais foram os erros cometidos, não mais os repetiremos, desde que saibamos analisá-los, mas por vezes reincide-se no mesmo erro. Fazer o que, se nem sempre aproveitamos as lições que a vida nos dá.

Se soubermos transmitir essa experiência aos jovens que se disponham a aceitá-la, poderemos aplainar um pouco seu caminho, passando-lhes nossa experiência, o que nem sempre os jovens querem aceitar, preferindo errar por conta própria, ou aceitar...

Não podemos, e nem devemos evitar que eles errem, o que podemos é simplesmente tentar indicar-lhes um caminho. Mostrar as opções que eles vão encontrar pela frente, a fim de que eles decidam o que é melhor para eles.

Como nós tivemos a oportunidade de usar nosso livre arbítrio, claro que eles tem o direito de fazê-lo, e de cometer seus próprios erros, forjar sua própria existência.

Se eles se limitarem a ouvir a "voz da experiência", sem usar seu discernimento, serão criaturas amorfas, incapazes de conduzir o próprio destino.

Não podemos "viver a vida por eles". Devemos deixá-los viver. Mostrar o que existe, procurando amenizar as dificuldades, é uma coisa. Principalmente, devemos deixar que eles pensem e cheguem às suas próprias conclusões. Eles saberão que estamos prontos a ajudá-los sempre que eles precisarem e peçam um socorro.

Encontrei um pensamento muito bacana feito por um garoto, que como eu, amava os Beattles e os Rolling Stones, mas não pegou em nenhuma metralhadora. Sua arma era o cérebro e uma caneta. Chamava-se Victor Hugo e, entre muitas outras jóias, legou-nos esta:

"O fogo vê-se nos olhos dos moços, mas nos olhos dos velhos vê-se a luz".

Vejam, o grande sentido que ele colocou na frase: nos olhos dos velhos vê-se a luz. Luz que pode permitir que os experientes iluminem o caminho para os mais jovens.

Luz que pode permitir que os pais mostrem mais claramente o caminho para os filhos, mas não que determine o caminho a ser seguido. Iluminar para que eles escolham melhor.

Luz que sabiamente usada permitirá que os mais jovens errem menos. Mas devem errar, sim. Se nós errando, chegamos até aqui, porque tirar-lhes esse direito?

Pois se quisermos fazer o caminho em seu lugar, se quisermos determinar o caminho que eles devem seguir, apagaremos "o fogo de seus olhos". Esse fogo tão necessário para que eles lutem, procurem vencer e atinjam seus objetivos.

Aceitem as decisões dos jovens, mas com discernimento. Vendo que eles estão errados, o mais certo é apontar-lhes o erro e até mesmo ensiná-los a corrigir esse erro, se esta for sua vontade.

Bem, como sou muito jovem ainda, se estiver errado, corrijam-me. Mas permitam-me o direito de errar. Ainda tenho muito tempo para aprender... E certo ou errado, desejo ter UM LINDO DIA, desejo que estendo a todos os que me leem, e aos que não leem também...Afinal, todos tem o direito de errar...

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