A tão indefinida maturidade... Ela é atingida quando estamos maduros,
o que não deixa de ser uma brilhante dedução. Contudo, é
muito difícil definir quando se está maduro, ou seja quando começamos
a agir mais movidos pela ponderação do que pelo impulso.
Em mais uma de suas brilhantes mensagens, L'Inconnu diz o seguinte:
Maturidade é a arte de viver em paz com aquilo que não podemos
modificar.
Sem dúvida alguma, as coisas que realmente não podem ser modificadas,
devem ser aceitas.
Sempre é importante saber observar certos limites que nos são impostos,
seja pela idade, seja pelas chamadas convenções sociais, seja por
algo muito sério, chamado de "lei das probabilidades". Devemos
saber mensurar nossas possibilidades, para analisar até onde podemos chegar.
Quando somos jovens, a tendência é "reformar o mundo".
O ideal é deixá-lo como ele deveria ser (ao menos na nossa concepção).
Acontece que nem sempre o que achamos que é, é aquilo que deve ser.
Sempre existem duas ou mais versões para os fatos, e a minha verdade, nem
sempre é a sua, o que sempre poderá provocar uma polêmica.
Com a passagem dos anos, a maturidade (fica bem mais bonito do que velhice), nos
faz pensar duas vezes antes de tentar modificar algo. Ao invés de dizermos
assim fica melhor, nos perguntamos primeiramente se é possível modificar
a coisa, depois, perguntamos se realmente vale a pena tentar a modificação.
Isso se chama ponderação... Essa atitude não é covarde,
muito pelo contrário, é muito sensata, pois devemos sempre atirar
no alvo certo. E o que nos permite enxergar e acertar nesse alvo é exatamente
a experiência adquirida com o tempo.
Meu pai costumava sempre repetir um velho provérbio (já naquela
época era velho), que diz: o diabo sabe por diabo, mas mais sabe por
velho. Sempre que ouvia isso, eu fazia um muxoxo de pouco caso, pensando:
ele fala isso, só porque já tá cansado. Aliás, todos
os jovens sempre são refratários às opiniões dos mais
velhos, considerando-os ultrapassados. Sempre costumam dizer que nossa experiência
não serve para eles, e que eles também tem o direito de errar.
Se seus filhos também forem assim, não se incomodem, pois quando
eles chegarem à maturidade vão chegar à mesma conclusão
que eu cheguei, e vão dizer "e não é que ele tinha
razão"... E aí... quantas cabeçadas evitáveis...
quantas besteiras cometidas.
Mas é essa a lei da vida, e é justamente nessas besteiras que se
forja a experiência para a Maturidade. É esse o caminho. Continuem
tentando reformar o mundo. Continuem dando suas cabeçadas. Continuem lutando.
Continuem forjando seu futuro. Assim, chegarão à maturidade podendo
olhar para trás e dizer: bem... pelo menos tentei.
Agora vou tratar de viver e deixar o mundo como ele está. Os outros que
estão chegando que façam sua parte...
Podemos ainda chegar a certas conclusões interessantes sobre como podemos
definir o que vem a ser exatamente a tão decantada maturidade, que é
o maior desejo de todos os jovens... enquanto para nós nos bastaria ter
a experiência de hoje... com a vitalidade dos 20 anos...(não seria
má idéia...).
Podemos dizer que atingimos a Maturidade, quando conseguimos resolver divergências
sem violências, sem represálias, sabendo manter a serenidade. Sabendo
ter paciência para conseguir algum objetivo, mesmo que tenhamos de abrir
mão de algo imediato. Também quando conseguimos enfrentar fatos
desagradáveis e as decepções da vida sem nos irritarmos,
encarando-os como coisas naturais às quais todos estamos sujeitos.
Principalmente, quando adquirimos a capacidade de reconhecer nossos erros. Aí
está o ponto crítico, pois não é fácil reconhecer
que erramos... A tendência natural é sempre encontrar culpados para
nossas mancadas.
Maturidade é, principalmente, saber recuar, mesmo achando que estamos certos,
sabendo ver que não é hora de discussão, fazendo um recuo
estratégico, até tudo se acalmar.
Para provar que já estou no ponto ideal de maturidade, só me resta
encerrar a discussão, desejando a que todos tenham UM LINDO DIA.