A Garganta da Serpente
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Alguns problemas existenciais

(Marcial Salaverry)

Uma questão meio delicada é falar-se de problemas existenciais. Há que se definir o que possam ser esses tais problemas. Claro que sua origem vem da infância, da maneira com que nossos primeiros passos foram orientados, como nossos pais nos ensinaram o que é a vida, como nossos professores nos orientaram nas primeiras letras.

Muitas vezes por falta de orientação adequada, muitas crianças se deixam envolver por conversas melífluas, e cometem grandes erros que irão influenciar negativamente seu futuro.

A propósito, meu grande amigo e guru, L'Inconnu, brindou-me com outra de suas citações geniais, vejam se não tenho razão:

Nossa vida é delineada na infância. Há que se cuidar dos primeiros passos, para não atrapalhar os últimos.

Essa é a questão. A maneira com que são ensinados os primeiros passos da criança. Desde pequena, ela deve ser orientada no sentido de saber distinguir o bem do mal. Não apenas saber a diferença entre a fada e a bruxa, mas sim do bem e do mal na realidade da vida. Deve estar bem consciente sobre esse aspecto, para poder discernir sobre as diversas propostas que ouvirá no futuro.

Como disse nosso guru com muita propriedade, os primeiros passos devem ser muito bem orientados, para evitar muitos problemas futuros. Deve sempre haver muito diálogo entre pais e filhos, muita troca de idéias, para que os jovens possam entender o porque de certas idéias de seus pais, e para que estes possam acompanhar a evolução do mundo, e do que se passa na cabeça dos jovens. Muitos problemas serão evitados.

Vejam uma coisa, sobre o que se passa atualmente na cabeça, principalmente das mulheres nascidas nas décadas 40 e 50.

Antigamente, as mulheres recebiam uma educação rígida, sendo direcionadas unicamente para a "nobre' função de donas de casa. Como única opção de estudo, havia o famoso "Normal", que formava as professoras. Sexo, nem falar, que dizer praticar. Era pecado. Elas apenas sabiam que deviam atender às necessidades de seus maridos, visando unicamente a procriação. Não poderiam nem pensar em sentir prazer com o ato sexual.

Ora... com essa educação bitolada, elas foram apanhadas pelo furacão do finzinho dos anos 60, e começo dos 70, com o movimento hippie, e com a tão decantada e reclamada liberdade sexual, que acabou se transformando em liberalidade sexual, originando uma grande confusão mental nos e nas jovens da época, pois de repente todos os conceitos foram mudados, e o que era mau e pecaminoso, acabou se transformando em algo prazeroso e que deveria ser vivido intensamente.

Contudo, muitas meninas da época não aceitaram essa coisa toda, e se mantiveram em suas convicções herdadas da educação recebida, e haja confusão mental, pois a mídia acenava com sexo à vontade, seja pelas novelas, filmes e até a propaganda comercial, cada vez mais erótica e sugestiva.

Acenava também com a famosa igualdade de direitos que as mulheres principiavam a exigir. Igualdade de possibilidade de emprego. Enfim, igualdade de vida.

Outro problema enfrentado por nossas heroínas, foi a mentalidade masculina. Seus maridos não queriam de maneira alguma perder sua condição de donos soberanos dos destinos de suas esposas, e se elas descobrissem como seria boa a vida que lhes era mostrada, a situação se modificaria fatalmente.

Com a evolução dos meios de comunicação, elas começaram a tomar conhecimento de tudo o que se passava no mundo, apesar da oposição dos seus antigos senhores feudais. E isso, sempre faltando o diálogo conciliador. Que poderia consertar as coisas a tempo.

Como resultado, elas passaram a se rebelar, sentindo grande revolta pela vida que lhes foi negada por tanto tempo. E os homens que não acordaram a tempo para a realidade, acabaram ficando sem as "escravas", e sem saber o que fazer, pois também nunca haviam sido preparados para essa contingência da vida. Que fazer sozinhos?

A mesma dificuldade enfrentada por elas.

Contudo, a mulher tem mais e melhores condições para encarar a solidão, do que o homem, pois de certo modo, ela sempre viveu na solidão acompanhada, enquanto o homem sempre se acostumou a ser servido de bandeja. E agora, José? Cadê a Maria?

Como vemos... problemas existenciais causados por falhas na educação dos primeiros passos, que agora estão atrapalhando os últimos...

Bem crianças... ainda é tempo para alguma coisa boa. Tentem viver. E para começar, vamos ter UM LINDO DIA.

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