A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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Uma questão de personalidade

(Marcial Salaverry)

Personalidade, eis algo difícil para se definir e aquilatar. Na realidade, personalidade é o que diferencia uma pessoa das outras. Assim sendo, é preciso entender que cada um é cada um, e não podemos desejar que todos sejam como queremos, nem que nos entendam e aceitem rigorosamente como somos, pois vivemos em uma Sociedade, e adaptações são necessárias.

Contudo, algo que muito escutamos em nossa vida, são as reclamações de pessoas que se julgam incompreendidas pelos outros, e perseguidas pela humanidade.

Muitas chegam mesmo a acusar Deus de suas mazelas, esquecendo-se de que o que de mal lhe aconteceu, foi causado por atos indevidos, ou pela falta de cuidados necessários ao tomar certas atitudes, ou praticar determinados atos.

Ora, se agimos irrefletidamente e nos acontece algum imprevisto desagradável, a culpa será somente nossa. Não foi Deus nem ninguém que nos levou a tomar aquela atitude. Foi simplesmente a nossa vontade.

Mesmo quando existe interferência de terceiros, que nos incitam a fazer isto ou aquilo, a última palavra sempre será a nossa. Isso é ter personalidade. Saber aquilatar o que lhe é ou não conveniente.

Bem a propósito, recebi uma mensagem de autoria de Richard Bach, que dá uma luz enorme sobre o tema. Vejam:

"Durante muitos anos esperamos encontrar alguém que nos compreenda, alguém que nos aceite como somos, capaz de nos oferecer felicidade apesar das duras provas. Apenas ontem descobri que esse mágico alguém é o rosto que vemos no espelho."

Sem qualquer sombra de dúvida, nós somos os principais responsáveis pelo que nos acontece na vida. Não digo os únicos, porque por vezes acontecem acidentes dos quais não somos culpados, mas apenas vítimas da irreflexão de outrem.

Tenho ouvido depoimentos de pessoas viciadas, seja em drogas, cigarro ou bebidas, que cederam ao vício por causa de influencias alheias... Sinto muito, mas não posso aceitar tais argumentos.

Alguns, dizem que por não terem encontrado apoio em casa, acabaram entrando para o vício como uma maneira de chamar a atenção dos pais sobre si. Encontrou a maneira errada. Experimentou o diálogo?

Outros, dizem que houve a famosa influencia das "más amizades". Ora, somos nós que escolhemos nossos amigos, e se notamos que uma amizade pode ser perniciosa, o melhor a fazer é afastar-se de tal pessoa.

Outros, "até que não queria, mas insistiu tanto...". E onde fica a personalidade da pessoa?

Se não queremos uma coisa, temos que ser firmes, e não podemos, e nem devemos ceder à vontade alheia, apenas para satisfazer uma pessoa que julgamos ser amiga.

Concordando com Bach, devemos ouvir nossa consciência. Essa sim, nossa real amiga.

Não podemos justificar nossos erros, ou o que nos acontece de errado, colocando-os sobre ombros alheios. Os únicos responsáveis por nossas atitudes, somos nós mesmos.

Se outros nos levaram ao erro, é porque não fomos firmes o suficiente para defender nosso ponto de vista, ou então porque, no fundo o que queríamos na verdade era experimentar aquela coisa, que parecia ser uma grande aventura, mas que acabou sendo uma viagem de terror. Mas isso é nossa vontade, nosso livre arbítrio, e temos que assumir essa responsabilidade.

Ninguém colocou o cigarro em nossa boca, o pó em nosso nariz, a seringa em nossa veia, a garrafa em nossa mão. A decisão final foi nossa. Nós é que fomos nosso inimigo.

Nós é que quebramos o espelho, para não ver o ar de crítica com que ele nos olhava...

Vamos olhar com carinho para esse alguém que tanto nos ama, e que nos está olhando com um certo ar de dúvida? Vamos desejar-lhe UM LINDO DIA.

Não lhes parece uma boa idéia?

Vocês já repararam que sempre existe alguém que passa a vida fugindo de algo que não a está perseguindo? Esse algo pode ser um vício insidioso.

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