Pode parecer estranho falar em sabor da vida, pois sabemos que frutas tem sabor,
alimentos tem sabor, mas a vida? Como seria o sabor da vida? Possivelmente agridoce...
Tudo depende da maneira como a saboreamos, se apenas o aperitivo, se o prato
principal, ou se apenas a sobremesa.
Existem pessoas que apenas passeiam pela vida, fazem ato de presença
no mundo, mas não conseguem sair da superfície, vivê-la
intensamente. Mas são felizes assim, ou pelo menos julgam sê-lo.
Tudo é questão de ponto de vista. Assim, como a felicidade está
no interior de cada um, consideremo-las igualmente felizes, pois fizeram uma
opção de vida, e sentem-se bem assim. Usam seu direito do livre
arbítrio. Vai daí que, escolhem uma opção de vida,
e, claro, à sua maneira, são felizes, pois se satisfazem com o
sabor encontrado.
Existem pessoas, contudo, que estão sempre procurando um algo a mais.
Por não se sentem realizadas com o que fizeram até então,
continuam procurando seu caminho, até encontrá-lo. Ou não,
pois por vezes nunca o encontram, e se perdem em sua incessante busca. Por vezes
encontram, e então se realizam, mas apenas até terem atingido
o objetivo, pois seu espírito inquieto, sempre estará em busca
de um algo a mais.
A propósito, recebi uma mensagem muito interessante, escrita pelo já
famoso L'Inconnu:
"Acontece algumas vezes que não achamos bom o chá. Descobre-se
a causa quando se chega ao fundo da xícara: - Era o açúcar.
Não estava faltando, mas estava no fundo. Teria sido necessário
mexer. Talvez o que esteja faltando à nossa vida tenha ficado no fundo.
Nossa vida talvez não tenha sabor porque não temos a coragem de
ir ao fundo das coisas ou porque não queremos. Fazemos caretas como ao
tomar chá sem açúcar. Precisamos fazer o esforço
de mexer a vida, de tocar nos segredos de Deus em nós."
Já tenho escutado muitas reclamações a respeito da vida
rotineira que levam. São pessoas que consideram enfadonho seu dia a dia.
Não estão satisfeitos, mas não sabem o que fazer.
Pergunto o que já fizeram para mudar essa situação.
Realmente, quando chegamos à conclusão que falta objetivo à
nossa vida, penso que é chegado o momento de abrir o leque de opções
que a vida nos oferece, procurando outro caminho mais condizente com o que realmente
pensamos ou queremos.
Tomemos por exemplo, alguém que pode ser um músico frustrado,
executando alguma função burocrática. Considerando que
essa situação pode estar incomodando, deverá sentir se
conseguirá continuar sobrevivendo sem realizar seu sonho, pois se é
realmente um músico competente que ainda não teve chance na vida,
deverá tomar uma decisão, e ir à luta, tentando se realizar.
Se der certo, será ótimo, pois conseguiu sair do marasmo de sua
vida, mostrando ser realmente um músico de talento, e que estava perdendo
tempo. Foi bom ter "mexido na vida".
Se, contudo, não der certo, pelo menos houve a tentativa, e ficou sabendo
que seu sonho era utópico, que não era um músico de talento,
e vai precisar reencontrar um rumo para sua vida. Mas pelo menos algo foi tentado.
Não ficou apenas lamentando sua vocação frustrada. Não
deu certo, porque a música era apenas um sonho, não seu real talento.
O importante no caso, é não se acomodar a uma situação
que começa a incomodar.
Temos uma obrigação conosco, de pelo menos tentar atingir a felicidade.
Uma das maneiras de conseguir, é "mexer a vida" quando começamos
a achá-la insossa. É procurar o açúcar que está
no fundo da xícara de chá.
Claro, tais atitudes revolucionárias, devem ser bem analisadas, principalmente
se houver outras pessoas envolvidas.
Ponderação e bom senso é o segredo. E uma boa dose de audácia.
Não é fácil trilhar-se um caminho novo.
E, de uma maneira ou outra, conseguindo ou não realizar o sonho, pelo
todas as opções foram tentadas, e sempre resta a possibilidade
de ter UM LINDO DIA.