A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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Por que julgar os outros?

(Marcial Salaverry)

Sempre será fácil julgar atos alheios. Algo que não nos agrade, sempre será motivo para severas críticas. Mas que direito temos de faze-lo? Será justo criticar e julgar pessoas por não estarem de acordo com nossa opinião? Creio que não temos esse direito, pois cada um tem direito a conduzir sua vida da maneira que melhor lhe aprouver. Salvo se formos diretamente atingidos por algum ato praticado por outrem. Mas nem nesse caso, nos cabe o direito de julgar, mas sim, de procurar saber o motivo de tal atitude.

Quantas vezes, ao sabermos de alguma atitude tomada por alguma pessoa conhecida, apressamo-nos em condená-la, se a julgarmos errada, segundo nosso ponto de vista, e isso, muitas vezes sem sequer dar-lhe o direito de se defender.

Achamos a atitude errada, e pronto. Está feito o julgamento. Afinal, o que ela fez é imperdoável (na nossa opinião). Não paramos para pensar o que poderia tê-la levado a tomar essa atitude.

Na verdade, deveríamos analisar melhor os fatos, pois muitas vezes, à luz de novos fatos, poderemos descobrir que fomos muito apressados em nosso julgamento, e que o bicho não era tão feio como estava sendo pintado.

Nem sempre reconhecemos nosso erro e, pior, nem sempre procuramos consertar o dano causado. É meio desagradável o "voltar atrás". Muita gente desconhece o que seja um pedido de desculpas.

Li um pensamento muito interessante, atribuído aos índios Navajos. Se alguém por acaso não sabe, Navajos são uma nação indígena. Habitavam livremente o território da América do Norte, e que hoje estão confinados em uma pequena Reserva Indígena nos Estados Unidos... Mas, questões indígenas à parte, vejam este sábio pensamento:

"SENHOR, NÃO ME DEIXE JULGAR UM HOMEM, SEM QUE EU TENHA ANDANDO DURANTE DUAS LUAS COM SUAS SANDÁLIAS"- Prece de um índio Navajo

Quanta sabedoria encerrada em poucas palavras. Que linda lição para muita gente que se apressa em condenar sem se aprofundar nos fatos, sem analisar direito a questão.

Com essas palavras, nosso irmão Navajo simplesmente sugere que nos ponhamos no lugar da pessoa que estamos julgando, e muitas vezes condenando. Assim, colocando-nos em seu lugar, poderemos julgar melhor, pois poderemos ver qual seria nossa atitude.

Efetivamente, é muito fácil condenar. É muito fácil apontar-se para alguém, acusando-o disto ou daquilo. Mas observem... Ao apontar para alguém, condenando, outros três dedos apontam para seu peito...

Futuramente, antes de condenar alguém, vamos "usar suas sandálias". Vamos ponderar, e analisar bem qual seria nossa atitude com "suas sandálias" nos pés.

Nunca se pode esquecer de que, cada caso é um caso, e certas atitudes aparentemente inexplicáveis, tem sua razão de ser. E que todos tem direito a ter seu direito e seu espaço respeitado, como queremos que o nosso também o seja.

Agora, se eventualmente fomos açodados e, mesmo sem calçar suas sandálias (talvez o número fosse muito pequeno) tivermos criticado, condenado, e por vezes insultado alguém, e posteriormente descobrirmos que a coisa não era bem assim, e que esse alguém não merecia o que dissemos, será muito importante enfiar-se a violinha no saco, e um pedido de desculpas é indispensável. A humildade não ocupa lugar nenhum. E se erramos, o mínimo a fazer é isso... Desculpar-se pela besteira cometida... Não conserta as coisas, mas ameniza os efeitos, e desarma possíveis reações.

O ideal é procurar sempre viver, mantendo um clima de harmonia com todos aqueles que estão ao seu redor. Se por acaso uma amizade é inconveniente, é melhor cortar os laços, do que permitir que um desgaste nas relações gere inimizades. E mesmo nesse caso, não nos valerá de nada ficar apontando os defeitos e inconveniências cometidas. Será interessante tentar uma conversa esclarecedora para dirimir dúvidas. Depois, então, tomar-se a atitude conveniente.

Nunca esqueçam de que não é conveniente deixar inimigos atrás de nós.

Vamos procurar viver de forma a não tê-los, mas se surgirem, é melhor evitá-los, e mesmo ignorá-los, do que provocá-los.

E com essa idéia, e procurando ter mais amigos, desejo a todos, UM LINDO DIA.

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