É grande o número de poetas que criam páginas na internet,
para a divulgação de seus poemas. A publicação não
garante que o poeta seja bom.
Provavelmente, uma pesquisa séria sobre poesia virtual poderá
revelar grandes poetas, um movimento de vanguarda.
As editoras não consideram lucrativo publicar poetas desconhecidos,
não existe incentivo algum e os custos são altos. Quem pode, banca
esses custos.
Essa poesia constitui um movimento organizado, com novas propostas estéticas.
É freqüente a linguagem coloquial e temas do cotidiano, ora manifestando
problemas pessoais ou sociais. É o que os críticos chamam de poesia
marginal.
Na década de setenta, o poeta social, principalmente diante do controle
da censura, usava uma linguagem indireta e metafórica.
Ele deixou de ser um produtor cultural solitário. Cresceu o interesse
dele pela música popular, em razão de sua penetração
mais eficaz junto ao público.
Como diz Mario Quintana,"palavras podem ter forma de poesia, brotar do
fundo da emoção, do desabafo".
Interessante essa turminha que se instala para criticar. Leio coisas incríveis
nos livros de visitas dos sites. Gostaria muito de ler alguma criação
de quem critica. Li uma declaração de uma pessoa, que reclamava
de uma certa poesia que não tinha uma só rima.
Sou poeta de rede, poeta marginal. Não gosto de arrumar meus versos em
estrofes, se eu repetir sons, em forma de rimas, serão ocasionais. Nada
de regras clássicas, de métrica e ritmo. Quero meus versos brancos,
traduzindo o meu pensamento. Que ninguém se atente a escandi-los, pois
são heterométricos. Quero formas libertas, nada de redondilhas,
nem maiores, nem menores.
Quanto aos erros de português, alguns são desculpáveis.
Se Camões, o maior nome da literatura portuguesa, usou um cacófato,
terrível vício de linguagem, em "ALMA MINHA GENTIL QUE TE
PARTISTES"..., sinto-me muito à vontade para cometer alguns errinhos.
Escritores consagrados têm revisores de textos e ganham fábulas.
Ser poeta ou escritor, não significa ter um português perfeito.
Cora Coralina, grande poeta, reconhecida já na velhice, teve seus poemas
publicados com rigorosa correção ortográfica e de concordância.
" As rosas não falam... Simplesmente elas exalam o perfume que
roubam de ti"...Quanta poesia nesses lindos versos de Cartola, que era
semianalfabeta. Seus textos tinham correção.
Isso me faz lembrar de Bethoven, que ficou surdo e mesmo assim, compunha. Ele
ouvia suas músicas através da alma. Sua arte era inata. Isso é
superar limitações, transpor obstáculos. Não escrever
direito não pode ser barreira para quem tem o dom da criação.
Tem um poeta na rede, que escreve coisas lindas. Pude constatar que são
corrigidas, quando ele me mandou um e-mail assim: " fasso coizas"...Por
causa disso ele deixa de ser poeta?
Não estou fazendo apologia ao erro, mas não é através
da escrita perfeita que se identifica o valor de uma obra literária.
Ela deve ser analisada pelo conteúdo,... pelo que pode acrescentar como
arte, beleza, ensinamento, ironia, humor, filosofia de vida.
Quem critica, não sabe pescar, não sabe peneirar, não
sabe filtrar. Tem joio no meio do trigo, é verdade,... mas tem muita
gente boa, que é capaz de retomar os temas românticos sem sentimentalismo
piegas, com a presença constante de metáforas e símbolos,...
e se existirem erros e eles não ferirem a retina (ou os ouvidos), não
se opondo a tendência natural da língua, tudo bem... Há
um distanciamento entre o padrão culto e o popular. Se o poeta for popular,
não há erro.
Acredito que um dia, os poetas virtuais serão comentados nos livros
de literatura. Os bons deixarão seus nomes registrados na história
literária brasileira.
Dizer que não é um movimento de vanguarda, que nada acrescenta
de novo é tolice.
Em que estilo de época faziam poesias em dupla, em cirandas? Lançar
um tema no ar e todos acompanhá-lo, como vagões de um trem. Isso
é lindo!
De modo geral, essa vasta produção poética é caracterizada
pelo experimentalismo, pouca preocupação ideológica, muita
irreverência e uma retomada forte ao romantismo sensual.
Critiquem... não me leiam... Continuarei escrevendo. É uma herança
cultural que deixarei para os meus filhos.