Perguntaram-me que graça tem escrever poesias e, completando a frase,
esse meu amigo completou dizendo que jamais lera algo de sólido e concreto
numa poesia... que só falam utopias... de coisas que não existem,
de sonhos e mais sonhos de amor... essa grande bobagem.
Bem... pouco se poderia argumentar com quem diz algo assim, porque revela de antemão
ter uma alma muito insensível, já que deixou claro não acreditar
no amor.
Simplesmente sugeri que tentasse entender porque uma mãe sempre defende
seu filho... Porque este filho nasceu... Porque nas horas de perigo, pedimos pelo
amor de Deus... Porque as pessoas se unem... Porque se consolam nos momentos de
dor... E se isso não lhe bastasse como prova da existência do amor,
que observasse, como provas concretas, o nascer e o por do sol, o desabrochar
de uma flor, o nascimento de qualquer animal...
Enfim, todas essas provas concretas de que existe algo de muito sublime coordenando
tudo, que todos os atos de Deus são marcados pelo amor, e é disso
que falam os poetas. De todos esses amores. Desde o amor carnal, até o
amor pela Natureza, sem falar claro, no mais importante, que é o amor a
Deus...
Mais tarde um pouco, ainda digerindo o diálogo mantido, fui brindado por
um e-mail contendo um poema de autoria do grande mestre Mário Quintana,
que me fez sentir orgulho pelo simples fato de escrever poesias. Vejam só:
Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões,
não falaria em Deus nem no Pecado
- muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,
não citaria santos e profetas:
nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições...
Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,
Rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!
Porque a poesia purifica a alma ...
a um belo poema - ainda que de Deus se aparte
- um belo poema sempre leva a Deus!
(Mário Quintana)
Quero aqui prestar minha homenagem a esse grande Mestre das Letras. Este seu poema
serviu para resgatar e purificar a alma de todos os poetas.
O final, então, é sublime: "a um belo poema, ainda que de Deus
se aparte, um belo poema sempre leva a Deus". Realmente, creio que ao compor
um poema, o poeta é ungido por uma inspiração divina.
Seja esse poema uma ode à Natureza, seja em louvor ao amor materno, seja
dedicado a um casto amor, ou exaltando as delícias do prazer, sempre terá
sido escrito em um determinado momento de inspiração, quando, por
algum sortilégio divino as palavras que se formaram em seu cérebro,
passaram por sua alma, e fluíram através de seus dedos.
Não se "fabrica" uma inspiração... Ela surge de
inopino... Vem... e se não a pega na hora, o poeta a perde e não
se lembra mais depois.
Dizem que os poetas são sonhadores, vivem no mundo da lua... Pode até
ser, pois assim lá de cima fica mais fácil para observar as coisas.
Porque uma poesia surge de um tudo e de um nada. Uma palavra solta no espaço,
já serve para o poeta compor mais uma poesia... Que tal as forças
da natureza? Quer maior fonte inspiradora?
Enfim amigos poetas vamos unir nossas mãos num aplauso demorado ao ilustre
Mário Quintana por esta homenagem que ele prestou à alma poetal.
Com as palavras de Mário Quintana, não tenho dúvidas de que
todos teremos UM LINDO DIA.