Não li o livro "Como Falar dos Livros que Não Lemos",
do psicanalista e professor de literatura francesa, Pierre Bayard, pois não
houve ainda a tradução do francês para o português.
Tomei conhecimento dele pela resenha de Jerônimo Teixeira, publicada na
revista Veja, edição de 16/5/2007.
Nenhum bom escritor é um leitor voraz, ele é seletivo. A leitura
de um livro precisa mexer com a vida de quem o lê, caso contrário,
não passará de mero hábito de leitura, entretenimento.
A não ser que seja literatura de consumo, como livros policiais, best-seller.
Quem come demais, não aproveita todo o alimento ingerido.
Aliás, hoje nossas bibliotecas privadas são projetos de leitura,
não leremos todos os livros de nossas estantes. Aliás, como está
o mercado editorial, dinâmico, se tornou impossível ler toda a
bibliografia de cada área profissional.
Então, o professor Pierre Bayard ensina como ser malandro nesse mar de
livros: faça como aquele estudante que vai fazer o vestibular sem ter
lido os livros da lista de leitura obrigatória, se vira, leia resenhas
e resumos.
Às vezes, a pessoa quer parecer culta, não declarar que não
leu tal obra, então há alguns macetes do francês, como:
1. NÃO TENHA VERGONHA - todos têm lacunas na sua formação
cultural. Nas rodas em que se discute literatura, não há por que
imaginar que o sujeito ao seu lado conheça mais de uma obra do que você.
2. IMPONHA SUAS OPINIÕES - opiniões sobre literatura são
sempre um tanto arbitrárias. Fale bem ou mal de um livro, mas fale com
convicção - e ninguém desconfiará que você
não o leu.
3. INVENTE LIVROS - todo leitor é traído pela memória.
Assim, você pode inventar novos episódios para um livro, ou até
falar de autores e livros que não existem. Se alguém apontar o
erro, diga, rindo, que sua memória confundiu as coisas.
4. FALE DE SI MESMO - Oscar Wilde ensina que a crítica literária
é uma forma de autobiografia. Fale do significado pessoal que um livro
tem para você - mesmo que não o tenha lido.
Se você, caro leitor, não lê quase nada, não se assuste.
Ruth Rocha, escritora brasileira, disse que milhões de pessoas viveram
sem a leitura. Graciliano Ramos, outro escritor brasileiro, disse, no final
de sua vida, que se arrependia de ter metido o nariz nos livros, perdido a sua
vida com isso.
Leia porque você gosta, deixe de fazer pose. Se começou a ler um
livro e não gostou, pare! Não faça como o Consa, que não
entende nada de francês, não leu o livro de Pierre Bayard e ainda
se atreve a escrever sobre ele numa coluna da Academia Araçatubense de
Letras. Que cara-de-pau!