A Garganta da Serpente
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A prática da leitura na escola

(Flávio Alves da Silva)

RESUMO.:

O ensino da sintaxe, no livro didático traz uma abordagem puramente formalista, limitada à estruturalização da frase e fundamentada na gramática normativa. Sendo que um dos principais instrumentos de ensino da sintaxe na escola é o livro didático, e que é extremamente importante um bom domínio da sintaxe para uma boa utilização da língua, tentaremos no decorrer deste trabalho realizar uma análise, uma breve reflexão do ensino da sintaxe neste importante material pedagógico. Essa análise fundamenta-se na teoria da lingüística, defendida por Perini (1997).

Palavras-chave: Ensino-aprendizagem, livro didático, sintaxe.

INTRODUÇÃO.:

O processo de globalização que assola o mundo não se reduz somente a economia, a ciência e a tecnologia, mas afeta também, entre outras coisas, a linguagem e por conseqüente a língua portuguesa e seus usuários, pois requer uma comunicabilidade mais eficiente em todos os níveis, inclusive o gramático. Para que haja uma comunicação dentro dos moldes exigidos pela evolução mundial, requer-se um conhecimento maior da língua, em nosso caso a língua portuguesa. Na língua portuguesa a gramática é que dita as regras para se escrever e falar corretamente, ela é constituída de um conjunto de regras e normas que regem o uso da língua portuguesa e é dividida em três partes, a saber: Fonética e Fonologia, Morfologia, e Sintaxe, sendo esta última o objeto de nosso estudo.

Segundo Kopke et al, Luft e Faraco & Moura, podemos compendiar as definições de várias gramáticas em uso e dizer que sintaxe é a parte da gramática que estuda a teoria da frase, que estabelece suas relações de combinação (ordenação, dependência e concordância) e suas estruturas ortográficas e semânticas. Sendo, portanto, importante um bom domínio da sintaxe para uma boa utilização da língua.

Um dos principais instrumentos de ensino da sintaxe na escola é o livro didático, portanto, tentaremos no decorrer deste trabalho realizar uma análise, uma breve reflexão do ensino da sintaxe neste importante material pedagógico.

MATERIAL E MÉTODOS.:

O objetivo deste trabalho é apresentar uma breve reflexão sobre o ensino da sintaxe no livro didático. O método utilizado, para tanto, foi a análise comparativa de livros didáticos de 7ª série com conceitos gramaticais normativistas e descritivistas referentes a sintaxe. Teve como fundamentação a teoria da lingüística, defendida por Perini (1997), em que o ensino da sintaxe deve conter, além dos aspectos gramaticais normativos, um trabalho contextualizado de aplicação prática da mesma para seu usuário.

RESULTADOS E DISCUSSÃO.:

A sintaxe, assim como toda a gramática, detém sobre si uma grande rejeição quanto a seu estudo, esse fato é determinado devido um motivo, a saber: o ensino da sintaxe constitui-se de uma abordagem impositiva de aprendizagem, porém superficial de aplicação prática do conhecimento adquirido. E o livro didático não foge à regra, a sintaxe apresentada nesse tipo de instrumento de ensino (com raríssimas exceções) é abordada na forma impositiva do ensino, fundamentada na ideologia de que se tem que aprender a sintaxe para efetuar uma boa leitura e uma boa escrita. Com isso, ao senti-se obrigado a aprender o estudante cria sentimentos de aversão e desinteresse.

A abordagem do livro didático apresenta a sintaxe com seus conteúdos de forma descontextualizadas, pautada em conceitos e normas imutáveis,fornecendo assim as "formulas corretas" de utilização da língua.

É fácil verificar-se o caráter impositivo da aprendizagem da sintaxe no livro didático. Usaremos para exemplificar essa caracterização uma definição encontrada nos em livros didáticos analisados.

(1) Frase é um conjunto de palavras que transmite um conteúdo de maneira satisfatória.

Este conceito é apresentado como a formula correta de definição do que é uma frase, não admitindo outro, tem-se que apenas aprende-lo - ou decora-lo como na maioria das vezes acontece - dessa forma, sem permissão para questionamentos, o que impossibilita a formulação de qualquer conceito e/ou interpretação própria, limitando o raciocínio e o desenvolvimento do estudante da sintaxe a esta formula pronta, inquestionável e imutável.

Também é facilmente perceptiva - e mais grave - a superficialidade quanto à aplicação prática desse conhecimento adquirido, pois sua aplicabilidade é apresentada exclusivamente para ler e escrever bem, e bem no que se refere à língua padrão, porém não apresenta nenhuma utilidade desse conhecimento para nossa vida cotidiana. Não é apresentado um contexto no qual, por exemplo, a relação de ordenação existente entre as palavras, seja útil para sua vida prática

(2) Compre uma passagem à noite para viajar.

Na análise sintática dessa frase é apresentada toda sua organização e as funções de cada palavra na frase, porém não é apresentado um contexto para que o estudante da sintaxe compreenda que a relação de ordenação das palavras dessa frase pode conduzi-lo a um determinado sentido, possibilitando com isso evitar desentendimentos e falhas de comunicação.

No que se refere à linguagem nada deve, nem pode ser transmitido como pronto e imutável, pois a língua é viva e por isso em constante transformação por isso o ensino da sintaxe no livro didático necessita de uma transformação quanto à forma de sua abordagem, buscando formas e maneiras mais dinâmicas e contextualizadas de construção do conhecimento, no qual o estudante seja um construtor e não apenas um receptor do conhecimento e que esse conhecimento seja mais completo no referente a suas finalidades teóricas e práticas.

AGRADECIMENTOS.:

"O presente trabalho foi realizado com o apoio econômico-cultural do Ilmo. Sr. João Abadio Oliveira e Silva - Prefeito de Pequizeiro - TO - Brasil".


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.:
  • FARACO, Carlos Emílio & MOURA, Francisco Marto. Linguagem Nova. São Paulo, ed. Ática, 2002.
  • LUFT, Celso Pedro. Gramática Resumida: explicação da nomenclatura gramatical brasileira. 10ª ed. São Paulo, ed. Globo, 1989.
  • KOPKE, Carlos Burlamáqui. JORGE, Fernando & ALMEIDA, Guilherme de. Novíssima Enciclopédia Universal Brasil. São Paulo, ed. Amazonas, 1980.
  • PERINI, Mario A. Sofrendo a gramática. São Paulo, ed. Ática, 1997.
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