O ensino da sintaxe, no livro didático traz uma abordagem puramente
formalista, limitada à estruturalização da frase e fundamentada
na gramática normativa. Sendo que um dos principais instrumentos de ensino
da sintaxe na escola é o livro didático, e que é extremamente
importante um bom domínio da sintaxe para uma boa utilização
da língua, tentaremos no decorrer deste trabalho realizar uma análise,
uma breve reflexão do ensino da sintaxe neste importante material pedagógico.
Essa análise fundamenta-se na teoria da lingüística, defendida
por Perini (1997).
Palavras-chave: Ensino-aprendizagem, livro didático, sintaxe.
O processo de globalização que assola o mundo não se reduz
somente a economia, a ciência e a tecnologia, mas afeta também,
entre outras coisas, a linguagem e por conseqüente a língua portuguesa
e seus usuários, pois requer uma comunicabilidade mais eficiente em todos
os níveis, inclusive o gramático. Para que haja uma comunicação
dentro dos moldes exigidos pela evolução mundial, requer-se um
conhecimento maior da língua, em nosso caso a língua portuguesa.
Na língua portuguesa a gramática é que dita as regras para
se escrever e falar corretamente, ela é constituída de um conjunto
de regras e normas que regem o uso da língua portuguesa e é dividida
em três partes, a saber: Fonética e Fonologia, Morfologia, e Sintaxe,
sendo esta última o objeto de nosso estudo.
Segundo Kopke et al, Luft e Faraco & Moura, podemos compendiar as
definições de várias gramáticas em uso e dizer que
sintaxe é a parte da gramática que estuda a teoria da frase, que
estabelece suas relações de combinação (ordenação,
dependência e concordância) e suas estruturas ortográficas
e semânticas. Sendo, portanto, importante um bom domínio da sintaxe
para uma boa utilização da língua.
Um dos principais instrumentos de ensino da sintaxe na escola é o livro
didático, portanto, tentaremos no decorrer deste trabalho realizar uma
análise, uma breve reflexão do ensino da sintaxe neste importante
material pedagógico.
O objetivo deste trabalho é apresentar uma breve reflexão sobre o ensino da sintaxe no livro didático. O método utilizado, para tanto, foi a análise comparativa de livros didáticos de 7ª série com conceitos gramaticais normativistas e descritivistas referentes a sintaxe. Teve como fundamentação a teoria da lingüística, defendida por Perini (1997), em que o ensino da sintaxe deve conter, além dos aspectos gramaticais normativos, um trabalho contextualizado de aplicação prática da mesma para seu usuário.
A sintaxe, assim como toda a gramática, detém sobre si uma grande
rejeição quanto a seu estudo, esse fato é determinado devido
um motivo, a saber: o ensino da sintaxe constitui-se de uma abordagem impositiva
de aprendizagem, porém superficial de aplicação prática
do conhecimento adquirido. E o livro didático não foge à
regra, a sintaxe apresentada nesse tipo de instrumento de ensino (com raríssimas
exceções) é abordada na forma impositiva do ensino, fundamentada
na ideologia de que se tem que aprender a sintaxe para efetuar uma boa leitura
e uma boa escrita. Com isso, ao senti-se obrigado a aprender o estudante cria
sentimentos de aversão e desinteresse.
A abordagem do livro didático apresenta a sintaxe com seus conteúdos
de forma descontextualizadas, pautada em conceitos e normas imutáveis,fornecendo
assim as "formulas corretas" de utilização da língua.
É fácil verificar-se o caráter impositivo da aprendizagem
da sintaxe no livro didático. Usaremos para exemplificar essa caracterização
uma definição encontrada nos em livros didáticos analisados.
(1) Frase é um conjunto de palavras que transmite um conteúdo
de maneira satisfatória.
Este conceito é apresentado como a formula correta de definição
do que é uma frase, não admitindo outro, tem-se que apenas aprende-lo
- ou decora-lo como na maioria das vezes acontece - dessa forma, sem permissão
para questionamentos, o que impossibilita a formulação de qualquer
conceito e/ou interpretação própria, limitando o raciocínio
e o desenvolvimento do estudante da sintaxe a esta formula pronta, inquestionável
e imutável.
Também é facilmente perceptiva - e mais grave - a superficialidade
quanto à aplicação prática desse conhecimento adquirido,
pois sua aplicabilidade é apresentada exclusivamente para ler e escrever
bem, e bem no que se refere à língua padrão, porém
não apresenta nenhuma utilidade desse conhecimento para nossa vida cotidiana.
Não é apresentado um contexto no qual, por exemplo, a relação
de ordenação existente entre as palavras, seja útil para
sua vida prática
(2) Compre uma passagem à noite para viajar.
Na análise sintática dessa frase é apresentada toda sua
organização e as funções de cada palavra na frase,
porém não é apresentado um contexto para que o estudante
da sintaxe compreenda que a relação de ordenação
das palavras dessa frase pode conduzi-lo a um determinado sentido, possibilitando
com isso evitar desentendimentos e falhas de comunicação.
No que se refere à linguagem nada deve, nem pode ser transmitido como
pronto e imutável, pois a língua é viva e por isso em constante
transformação por isso o ensino da sintaxe no livro didático
necessita de uma transformação quanto à forma de sua abordagem,
buscando formas e maneiras mais dinâmicas e contextualizadas de construção
do conhecimento, no qual o estudante seja um construtor e não apenas
um receptor do conhecimento e que esse conhecimento seja mais completo no referente
a suas finalidades teóricas e práticas.
"O presente trabalho foi realizado com o apoio econômico-cultural do Ilmo. Sr. João Abadio Oliveira e Silva - Prefeito de Pequizeiro - TO - Brasil".