A escrita, enquanto produção de texto, não se constitui
em um ato de solidão, de intimidade exclusiva entre o produtor e o texto.
A pratica da escrita na escola é um fato monológico no qual o
aluno escreve para si. Considera-se uma escrita para si pelo fato que apenas
o aluno imprime significação ao texto produzido, sem levar em
consideração os demais membros constituintes do processo de comunicação.
A produção de texto é realizada dentro de uma perspectiva
singular de linguagem. Dentro do contexto escolar a linguagem possui duas concepções,
ambas de caráter monológico. A primeira, traz a linguagem como
expressão de pensamento, isto é, a escrita de um texto deve expressar
a maneira qualitativa do pensamento de seu produtor. Essa concepção
é fundamentada no uso da gramática normativa, com isso um texto
bem escrito deve seguir as normas da língua culta normativista, e deve
apresentar, de forma lógica, o pensamento de seu produtor, sem influências
exteriores. A segunda, tem a linguagem como instrumento de comunicação
que leva uma informação de um emissor para um receptor e exerce
apenas essa finalidade. Segundo essa concepção o texto traz em
si o objetivo estrito e restrito de transmitir, de transportar essa uma informação,
sem interferências de ruídos comunicativos, deve ser conciso e
objetivo.
A escola tem sua prática de produção textual sedimentada
nessas concepções, reducionistas, da linguagem e da escrita. Na
prática escolarizada o aluno/produtor elabora um texto simplesmente para
obter uma nota preocupa-se apenas em levar uma informação acerca
de determinado tema ao professor/receptor. Procura, simplesmente, moldar suas
mensagens dentro das exigências gramaticais normativistas. O professor
limita-se a uma prática gramaticalista de avaliação textual,
na qual ele apenas assinalar/marca os erros no texto, subtrai os pontos da nota,
e o devolve ao aluno sem apontar soluções para esses erros. Com
isso o professor encerra essa atividade, não retornando a esse texto
para, por exemplo, uma possível reescrita.
A produção textual é um processo dialógico que deve
estar contido na escola, mas, também, vai além de sua jurisdição.
A pratica da escrita também possui uma realidade, uma prática
social e suas utilizações nessa realidade. Fatores que devem ser
considerados pelo professor em sua postura mediadora do conhecimento. Essa prática
social cobra dos produtores textuais e dos professores uma(s) utilização(ões),
alguma(s) finalidade(s), onde e quando será útil a prática
da produção textual. Para tanto, o professor deve buscar situações
que coloquem o aluno em contato com essas questões e procurando soluciona-las.
Busca-se situações/experiências da realidade do educando,
procurando leva-los a trabalhar no campo das idéias concomitantemente
ao trabalho no campo das palavras.
Os critérios do professor para analise do texto devem ser gramaticais
e lingüísticos em uma constituição interdependente.
Dessa forma a linguagem e a produção textual adquirem uma outra
concepção, uma formação dialógica na qual
é levado em consideração todos os constituintes do processo
comunicativo. Portanto, o texto abrange além de uma simples informação,
inseri-se nele outros fatores como as marcas pessoais do produtor, do contexto
em que se estar inserido, da formação discursiva a que pertence,
da sua finalidade, etc. Com isso o texto constitui seus sentidos pela sua inserção
num processo real de interlocução. O texto, assim como a linguagem,
em sua formação dialógica é um processo contínuo,
cíclico, é recheado de marcas, de vozes, de sujeitos que interagem
e dialogam entre si.
Essa abordagem possibilita trabalhar o texto mais profundamente tornando-se
possível, além da questão gramatical, uma abordagem crítica,
um estudo das diferentes modalidades textuais e de suas estruturas e/ou esquemas
abstratos, como também trabalhar questões como a intencionalidade,
recursos e estratégias utilizadas para alcançar determinado (possível)
objetivo, dentre outras questões. Sobretudo, para a efetivação
de uma produção textual abrangente e formadora de produtores,
as ações desenvolvidas na prática do ensino e da produção
textual devem ser realizadas dentro do processo dialógico de construção
do conhecimento.
JUSTIFICATIVA:
A turma C do Ensino Médio do C. E. Bernardo Sayão apresenta uma
carência na produção textual. Os alunos possuem uma grande
dificuldade na produção de textos quanto a sua conceituação
em tipos de texto e gêneros textuais, além de possuírem
uma prática de elaboração de textos restrita a prática
escolarizada. Diante da responsabilidade dessa turma na organização
do I Encontro Estadual dos Estudantes de Letras do Tocantins, ver-se uma oportunidade
de trabalhar essa deficiência na produção textual contextualizando
com a realidade dos acadêmicos, trabalhando-se com a problematização
dessa situação na forma de situação-problema.
OBJETIVOS:
Geral:
- Elaborar diferentes tipos de textos de textos em diferentes gêneros
textuais.
Específicos:
- Discernir o que é tipo de texto e gênero textual;
- Diferenciar prática escolarizada e prática social de produção
de textos;
- Conhecer diferentes tipos de texto e gêneros textuais;
METODOLOGIA:
- Situação-problema - Contextualização;
- Estudo dirigido (conceituação de tipos de texto e gêneros
textuais; Prática escolarizada x prática social);
- Leitura de textos em diferentes tipos e gêneros.
- Oficina de elaboração de textos (1º momento - produção
individual; 2º momento - produção em grupos).
RECURSOS:
- Livros teóricos didático-pedagogicos;
- Textos diversos (livros, revistas, jornais, et.);
- Retroprojetor e transparências;
- Papel pardo, pinceis;
AVALIAÇÃO:
A avaliação será contínua, através do acompanhamento
da execução das atividades, observando o desenvolvimento das habilidades
e competências individuais e coletivas para a resolução
a situação-problema trabalhada. Observar-se-á as questões
gramaticais e sociais como coerência e coesão, originalidade e
criatividade, compromisso e responsabilidade, e a efetivação desses
critérios dentro de uma relação dialógica.