A Garganta da Serpente
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Minha língua é minha Pátria

(Armando Sousa)

Sim é verdade, minha língua é minha Pátria, mas é inteiramente proibido alguém de minha pátria falar a língua da nossa Pátria, darei um beijo como prêmio se houver alguém que seja capaz de falar corretamente esta língua nossa, Portuguesa; todos os nomes, e ao que a palavra se refere; digo isto, porque sei que é impossível alguém conhecer todos os nomes e saber do que estão falando.

Por exemplo, pessoas do Brasil, sabem do que estão a falar sobre lugares, frutas silvestres, que tu nunca viste ou ouviste falar; poderás tu mundificar a sua língua? Não!.. Pois essa língua é Portuguesa

Mesmo que fales bem o teu português, como podes tu corrigir essa pessoa?… se não estiveste no lugar a determinado evento, como podes tu mundificar o conteúdo da escrita deixando-a com o mesmo significado se não estiveste presente?…. sim existem palavras que querem dizer a mesma coisa, mas tão pouco usadas, que requerem dicionário a todos os instantes, e ainda por cima uma camada de palavras em terramoto que aniquilam o autor rotulando-o de maniento e estúpido; quando afinal a culpa pertence, ao editor que se julga absolutamente infalível, quando apenas conhece, e mal, as palavras de seu cantinho; mas a nossa Pátria tem tantos cantinhos desconhecidos, e neles residem seus segredos que precisamos de os conservar; aqui precisamos de nos acomodar, e compreender que não sabemos o que os outros sabem

Se o escritor escreve, e dá um elogio a uma pessoa, ou pessoas que no seu intender , o designado o merece, por atos de carinho, de rasgos, ou bravura; que essa pessoa ou pessoas tem personalidade que merecem ser destacadas, qual o problema do editor, não dar crédito ao escritor destacado para esse lugar?…

Poderá uma pessoa do continente conhecer todos os nomes das coisas Madeirenses?… claro que não, mas se temos todos a verdadeira compreensão que não compreendemos procuramos fazer o melhor possível para compreender. Discordo completamente com o modo de atuar de certa gente. Acredito que se as palavras ou descrição forem ofensiosas, e o autor se excedeu, aí sim, é mais que justificada a ação do editor, mas lembre-se Sr(a). editor que não tem direito de olhar alguém para baixo, a não ser que esse alguém precise de ajuda para o levantar.

Com respeito a nossa língua que uma grande parte de hipócritas chama língua de Camões e eu estou completamente em desacordo, mesmo sabendo que sou uma minoria, quero lembrar-lhe que esta Pátria a que pertenço, que é a língua que minha mãe me ensinou, e tantas vezes a escreveu na areia como indicação que nem sempre era assim, que o vento levava a palavra ou a modificava.

Sim é verdade, dou razão a minha mãe, a nossa língua não pertence a ninguém, ela principiou a evoluir desde o condado Portucalense; Portugal ainda não tinha nome; desde aí ainda não parou de evoluir e de se misturar.

A língua é minha pátria, é o amor onde se encontra, os seios de minha mãe; são as saias rodadas onde eu me escondia quando não sabia responder, são as lágrimas que ela chorava por não ter meios a me dar para eu aprender; essas palavras que entraram no meu eu, no meu ser, no meu íntimo, embora que tu digas na minha alma; coisa que eu não conheço, mas que eu não vou falar da opção de cada um.

Cada um, pertence as suas maneiras; o que eu creio que as devemos guardar assim; doutra maneira não sou eu que escrevo, serás tu, só tu editor.

Claro que o escrever bem, tem muito que se lhe diga, e nesse sentido não sei, é ai que deixo meu coração falar, e tenho conseguido, que esses que me lêem através do mundo, me tenham compreendido; porque esses sons, essa pronúncia, essa maneira mesmo de compor com as mãos, ou com a cabeça, pertence a duzentos milhões.

Todas estas coisas, pertencem a seus cantinhos, e segredos; a língua Portuguesa é precipício que ninguém, mesmo ninguém, consegue lá chegar.

Se escrevo sem pontos e vírgulas no devido sítio, também José Saramago o grande escritor Português que escreveu um livro considerado entre os primeiros cem de todos os livros do mundo, e podeis crer que nem uma dúzia de campos de futebol chegaria para todos os livros, além disso é um escritor que escreve quase sem pontos e vírgulas, esperando que o coração de cada um entre na leitura e as saiba colocar, que saiba dar mimo as perguntas e respostas, ou até verter lágrimas quando é preciso chorar.

Outra coisa, estou escrevendo um artigo. Esta crônica não vai dirigida diretamente a ninguém; mas ao mesmo tempo é dirigida a todos os editores, que editam artigos de voluntários, que escrevem para esta comunidade.

Vivemos numa comunidade de interesses e demonstrações, e chamam-lhe democracia, mas a verdade é que, quem escreve nestes jornais, tem menos liberdade de que aquela liberdade que existe no torrão que nos viu nascer.

Pierre Troudou disse: dei um passeio na neve para decidir.

Eu digo, não há nada como o romper da manhã para ver nascer idéias frescas em cabeça aturdida, com o pensamento da superioridade.

E então, é como digo, é expressamente proibido saber todo o Português, para não dizer impossível; se um dia encontrar alguém que tudo saiba, lhe beijarei a mão, até aí senhor editor, por favor corrija os meus erros, mas deixem-me ser quem sou, eu não quero mudar de personalidade, até porque todos sabemos que as críticas vem daqueles que nunca foram capazes de encher uma folha de papel branca, descrevendo um acaso, ou de deixar fluir seu pensamento, e que este esteja pleno de poesia onde a verdade exista, o amor e igualdade, onde descreva um pensamento, que mesmo crítico, vá beneficiar a humanidade.

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