Claro que causa impacto a informação de que, no Brasil, 34,5%
das escolas do ensino fundamental não têm energia elétrica.
Isto fica ainda mais dramático quando este número se converte
em algo mais palpável, ou seja, que são 63 mil escolas. E ficaríamos
mais desolados se soubéssemos que milhares ( ou milhões?) de crianças
são atingidas por essa situação. Então, a pergunta
em torno disto é saber o que ocorrerá com o projeto federal de
informatizar o ensino, se nessas escolas não há sequer energia.
Por outro lado, há dois ou três anos, comentaristas políticos
diziam que cerca da metade dos computadores enviados para as escolas estavam
encostados e não eram operacionalizados porque as pessoas não
sabiam como utilizá-los. Se juntarmos as duas informações,
deduziremos que é necessário fazer paralela e sistemicamente algo
além da tentativa de atualização tecnológica. Ou
seja:a questão da leitura volta ao centro do problema e até mesmo
antecede a questão revolução tecnológica.
Estou falando de leitura pura e simples, que pode ser desenvolvida mesmo numa
escola sem assoalho, com paredes de pau a pique e debaixo de folhas de sapé.
Outros países (e nisto Cuba é sempre lembrada), mesmo sem recursos
materiais, deram um salto educacional investindo nos professores e nos alunos.
O Brasil tinha um know how original nessa área- o método
Paulo Freire, que chegou a ser exportado, e aqui foi relegado. O método
voltava-se para a leitura, o mistério das letras, a descoberta do sentido
das coisas e dos indivíduos. O elemento central dessa pedagogia era o
indivíduo e não a tecnologia.
Hoje estamos numa situação, no mínimo, paradoxal. Estamos
entre o método barato e funcional não aplicado e a premência
de atualização tecnológica cara e precária. Que
lições tirar disto? Por que de um extremo vamos ao outro e nos
perdemos no meio? Como conciliar as duas coisas, o mais artesanal e o mais eletrônico
método de aprendizagem? Como um pode compensar o outro? Quando o Brasil
vai aprender a somar estratégias ao invés de exaurir recursos?
O livro e o computador devem ser complementos um do outro.
A leitura é, na verdade, a tecnologia básica que perpassa os dois.
E ela, sim, deve ser o objeto central da discussão.
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