A falta de apoio à cultura no Brasil é algo que mereceria um estudo
especial, basta observarmos os cadernos especializados dos principais jornais
de Salvador, por exemplo, que apenas fingem abordar o assunto. A começar,
confundem horóscopo e festinhas de aniversário com cultura e são
preconceituosos e modestos quando é para falar de livros, principalmente
se o livro for de um autor baiano. O escritor daqui não dispõe
de nenhum espaço, nem nos jornais, muito menos na TV, para mostrar os
seus trabalhos, expor suas idéias, pontos de vista, e contribuir com
alguma opinião relevante sobre algum tema em tela.
Nenhum aprendizado pode ser comparado à leitura, fonte inesgotável
de aptidões, que nos faz pensar. Simplificar essa falta de hábito
dos brasileiros, dizendo apenas que aqui não se gosta de ler, é
no mínimo uma incoerência e falta de respeito por aqueles que não
têm oportunidade de freqüentar uma sala de aula, por puro descaso
dos governantes. Na Bahia, para se ter uma idéia, mais de três
milhões de analfabetos convivem com a escuridão, sem saber assinar
o próprio nome, exatamente por falta de uma política educacional
séria, que lhes mostrem a luz das letras. O dinheiro público,
utilizado para levantar tantas obras faraônicas e eleitoreiras - quando
não é desviado - bem que poderia construir escolas e bibliotecas,
para formar o cidadão e o inserir no mundo cada vez mais globalizado.
Se ler é um belo exercício de desenvolvimento, que abre os mundos
e os universos, que leva você a viagens extraordinárias e ainda
nos mostra a realidade, há que se incentivar a cada dia a formação
de um novo leitor, mas, para isso, é preciso começar, sob pena
de se formar mais uma geração que despreza os livros, que é
cega, muda, surda, guiada por "cachorros-políticos".