Seu nome era "Índio", Irineu de Moraes
Era branco, negro, cor de índio ou mulato,
Era um tipo de quase dois metros de altura,
De face dura e de olhos obstinados.
Uma mente clara e didática ,e uma firme ideologia.
Tinha uma só meta na vida: os oprimidos e a revolução.
Esses eram os seus dias: construir homens e mulheres
para a ação.
Seus passos eram decisivos na luta e na organização.
Suas palavras e ações inspiravam confiança,
norteavam uma segura direção.
Aquele homem gigante já tinha dado provas valorosas
diante da repressão.
Nem as prisões, as torturas, das dezenas pelas quais passou,
vergava aquele digno bastião.
Era um ser humano inteiro, um amor imenso pelo povo,
com a garra de fabricar uma nova sociedade,
uma nova nação,
Onde todos tivessem oportunidades iguais,
onde todos fossem irmãos.
Esse homem era o "Índio", seu nome de guerra,
Dos anos de clandestinidade,
do esconderijo, da sua obstinação.
Esse homem, esse nome corria nas noites nos campos,
Na luz da lamparina ou no meio da plantação:
Era o homem que instruía, formava e construía
a organização.
Era o homem que trazia a explicação dos direitos.
Da criação do sindicato e da reivindicação.
Acreditava na construção do socialismo
pela força dos pobres,
das mãos calosas das enxadas
e uma idéia iluminada: os caminhos da revolução.
Nasceu pobre, viveu pobre, só tinha de muito
os seus companheiros, e um enorme coração.
Formou centenas de "quadros", pessoas de ação.
Nunca se ouviu da sua boca um queixume pessoal
Mas sempre a voz contundente, e crítica da exploração.
Enfim um dia o corpo cansou, o organismo adoeceu ,
apenas o corpo faleceu.
Suas idéias, suas lutas ficaram como a semente que morreu,
para poder germinar em novas plantas,
em árvores frondosas, com frutos de tudo que era seu.
O companheiro "Índio",
o companheiro Irineu de Moraes,
Uma força, uma idéia que não será vencida jamais.
O companheiro ausente!
O companheiro presente!
O companheiro Irineu de Moraes,
O companheiro "Índio".
(13 de março de 2005)
(Vanderley Caixe)
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