Um certo Galileu
Eu amo um certo Galileu,
Que se foi bem antes d'eu chegar,
Mas falou que se eu fosse fiel,
Algum dia, com certeza, iria voltar.
Os seus olhos tinham a mesma cor do amor
Com reflexos de pura lealdade.
Sua boca qual a forma de uma flor,
Exalava o perfume da verdade.
Suas mãos, como pombas delicadas,
Pousavam nas cabeças infelizes
E, enquanto as dores eram curadas,
Perdoava o pecado às meretrizes.
Muito amou, mas não foi compreendido,
Pois, num mundo de maldade e ambição,
Já pregar tanto amor não faz sentido
Quanto mais a nobreza do perdão.
E foi-se embora flagelado e humilhado,
Mas a mensagem que deixou ficou aqui.
Lavou do mundo e dos homens os pecados
E ensinou o caminho para seguir.
Não mais voltou, mas disse que viria.
Nunca mentiu sobre o que prometeu.
Eu o espero pensando na alegria
Que chegará com aquele Galileu.
(Poesia selecionada para publicação na Antologia
de Poetas Brasileiros Contemporâneos - Edição de 2006)
(Sonia Lobo)
|