ESCOAR
Martirizando a canção
Sob a névoa que da noite escoa
E o silêncio ensurdecedor das estrelas
Dorme São Paulo tranqüila
Entre a solidão e a garoa.
Insensatez dominante
O poder dos grandes
Com sua policia armada e indecência
A falsa cultura, a bela aparência.
Quem não se rende às bênçãos
Das vitrines do shopping center?
Aceita-se o dinheiro de plástico
E identidade magnética
Dos não relapsos
Que mantiveram seus empregos
Os sapatos e os ternos gastos.
Vê-se o escoar das tradições
Engolidas pelas "lan-houses"
E encontros cibernéticos
Que dispensam amantes e amores.
Onde albergar o ridículo sexo fácil?
O fenômeno do piercing
Invasor de corpos, feiúra latente
A nos encurralar num vagão do metrô.
Oferecem-nos corpos perfeitos
A maravilha da mídia,
Tudo é carne, é sensualidade
É desejo informal
A deliciar e incentivar sonhos
E dissabores aos impotentes e
Aos que em casa vêem o oposto.
(D'anton Medrado)
|