A Garganta da Serpente

Artur Ribeiro

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Espelhos ascendem no lótus de chuva
Cristais fragilizam as gotas de runas
Nas ruas abertas ao caos suburbano
Fantasmas se erguem dos becos insanos.

Crianças adormecem nos braços dos anjos.

Espelhos padecem de um colorido cinza
Os rios da cidade morreram nas rimas
Dos saques e assaltos dos eleitos nas urnas
Dos dias de amor no som da avenida.

Crianças adormecem nos braços das ruas.

Estes prédios caindo parecem tormenta
Os avisos que ouço me doem na alma
Bandoleiros se vestem de terno e gravata
Na prata do ódio que brilha volúpia.

Crianças adormecem nos braços das putas.

Espelhos que vistes nas roupas tão nuas
Levaram mensagem para outros canais
Sentindo no fundo da mente vazia
Um gosto de festa de um ano atrás...

Crianças adormecem nos braços do cais.

Me joga no fundo de tua cólica e azia
Rumina meu nome em doce canção
Me deixa chorar por nascer outro dia
Me deixa que hoje estou sem coração.

Crianças adormecem nos braços do chão.


(Artur Ribeiro)


voltar última atualização: 08/02/2011
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