COBRANÇA
Bateram na porta da minha consciência!
Quando a abri, deparei-me com o cobrador ao arrependimento. O seu olhar era
incisivo, e o seu rosto denotava ares de desprezo.
Apresentava um débito tão elevado, daqueles muitos atos não
honrados pela cegueira do meu passado egoísta.
Era uma cobrança impagável, multiplicada pelos juros da frieza
do então, passiva ao agora fazer, mas ativa e soberana ao menor dos lembrares.
Por não ter sabido viver, fiquei devedor dos comportamentos de tempos
idos, inadimplente eterno dos sentimentos quando em prazo e prazer.
Pago agora com o meu arrependimento, mas me faltarão sempre os comprovantes.
Assim faço por não haver mais outra forma e, o meu nome, não
ter tanto renome no cadastro da ingratidão. Quanto à minha consciência,
se é que a tive, ficou irremediavelmente comprometida.
(Arnaldo Massari)
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