A Garganta da Serpente
História da Literatura escolas literárias
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Quinhentismo

Literatura de informação.:

A expansão ultramarina européia trouxe inúmeros viajantes às terras recém-descobertas ou exploradas da Ásia, da África e da América, com a missão de produzir relatórios, com informações sobre essas terras, detalhando os recursos minerais, a fauna, a flora e os aspectos exóticos e pitorescos de seus habitantes. Esses relatórios, denominados "Crônicas de Viagem", têm caráter mais histórico do que literário, apresentando uma linguagem puramente referencial ou denotativa.

A carta de Pero Vaz de Caminha (enviada a D. Manuel no dia 1º de maio de 1500) é considerada o primeiro documento da literatura no Brasil, inaugurando a chamada literatura informativa: manifestações literárias de grande valor histórico e profundo caráter documental sobre o Brasil, feitas por cronistas e viajantes estrangeiros, buscando descrever e informar sobre a nova colônia portuguesa, com enfoque na conquista material e na exaltação da terra nova. Seus relatos visavam satisfazer a curiosidade e despertar a imaginação dos europeus.

Na literatura informativa encontramos documentos, cartas e relatórios de navegantes, de administradores e de missionários e autoridades eclesiásticas. Sua principal característica é a descrição e exaltação da flora, fauna e dos índios, resultante de descoberta do exotismo e exuberância de um mundo tropical. A linguagem referencial (objetiva e concisa) também vai refletir tal louvor à terra com o uso exagerado de adjetivos, geralmente empregados no superlativo (belíssimo, lindíssimo etc.). Também encontramos a presença de modelos clássicos e renascentistas que tendem à erudição.

Autores e obras

  • Pêro Vaz de Caminha (1437-1500) exerceu o cargo de mestre da balança no Porto e foi escrivão da armada de Pedro Álvares Cabral. Ficou conhecido pela Carta ao El Rei Dom Manuel sobre o achamento do Brasil faça o download, datada de 1 de maio de 1500. A carta foi descoberta na Torre do Tombo em 1773 por José de Seabra da Silva, tendo sido publicada por Aires do Casal na Corografia Brasílica em 1817. Considerada a certidão de nascimento do Brasil, além do inestimável valor histórico, é um trabalho de bom nível literário, mostrando claramente o duplo objetivo que impulsionava os portugueses para as aventuras marítimas, isto é, o propósito mercantilista o espírito missionário. Faz um relato dos dias passados na Terra de Vera Cruz (nome antigo do Brasil) em Porto Seguro, da primeira missa, dos índios que subiram a bordo das naus, dos costumes destes e da aparência deles (com uma certa obsessão por suas "vergonhas"), assim como fala do potencial da terra, tanto para a mineração (relata que não se achou ouro ou prata, mas que os nativos indicam sua existência), exploração biológica (a fauna e a flora) e humana, já que fala sempre em "salvar" os nativos, convertendo-os. É de caráter didático, histórico, informativo, materialista, porém tem intenções espirituais.

  • Pero de Magalhães Gândavo: História da Província Santa Cruz faça o download (1576) e Tratado da Terra do Brasil faça o download (1570). Visa atrair os portugueses para a obra colonizadora, estimulando a imigração, "especialmente daqueles que vivem na pobreza", por meio da exaltação da riqueza e do clima da colônia, com uma visão paradisíaca de nossa natureza. É o primeiro cronista a aludir à importância do escravo na economia colonial.

  • Gabriel Soares de Souza (1540? - 1591): Tratado Descritivo do Brasil (1587).

  • Ambrósio Fernandes Brandão: Diálogos das Grandezas do Brasil (1618).

  • Pero Lopes de Souza: O Diário de Navegação

  • Pe. Fernão Cardim: Narrativa Epistolar e Tratados da Terra e da Gente do Brasil

Há, também, viajantes "estrangeiros" (não-portugueses) que aportaram no Brasil quinhentista, à caça de informações sobre o "eldorado", o "éden" (formas com que a imaginação européia pintava a terra desconhecida). Hans Stadem, Jean de Léry, Andrè de Thevet, Antonil e Américo Vespucci incluem-se nessa categoria.


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