A Garganta da Serpente
História da Literatura escolas literárias
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Quinhentismo

Literatura dos jesuítas.:

Agentes da Contra-Reforma, os primeiros jesuítas chegaram ao Brasil em 1549, com a missão de educar e catequizar os índios, fundando os primeiros colégios. Durante quase todo o período colonial, a educação foi atribuição exclusiva das ordens religiosas, especialmente da Companhia de Jesus. Justamente por causa de sua intenção pedagógica e moralizante, os textos produzidos nesse período possuem caráter mais didático que artístico, compreendendo o teatro pedagógico (baseado em trechos bíblicos), a poesia de devoção e as cartas que informavam aos superiores na Europa sobre o andamento dos trabalhos na colônia (catequese e conquista espiritual).

Cabe ressaltar que o teatro foi o instrumento mais utilizado para atingir os objetivos pretendidos pelos jesuítas, visto que, por sua facilidade didática, prestava-se melhor tanto para moralizar os costumes dos brancos colonos como para a catequização do índio.

Autores e obras

José de Anchieta (1534- 1597)
Chamado pelos índios de "Grande Piahy" (supremo pajé branco), Anchieta veio para o Brasil em 1553 e, no ano seguinte, fundou o Colégio de Piratininga onde nasceria a cidade de São Paulo. Deixou cartas, informações, fragmentos históricos, sermões, hinos, autos (teatro) e poesia, destacando-se estes dois últimos aspectos como os mais relevantes para a literatura em si, escritos em português, espanhol, tupi e latim. Aliás, escreveu a primeira gramática do tupi-guarani para o ensino da língua dos nativos (Arte da gramática da língua mais usada na costa do Brasil - 1595).

Seus escritos visavam embasar seu trabalho de catequese, o que determinava a função pedagógica e didática de sua obra. Daí as características de sua poesia e de seu teatro, inseridos na tradição medieval: concepção teocêntrica do mundo, temática religiosa e moral e uma simplicidade de meios expressivos que buscam, basicamente, a eficiência comunicativa.

  1. O teatro de Anchieta
    Principais autos: Auto da Pregação Universal; Auto da festa de São Lourenço faça o download; Na visitação de Santa Isabel. Inspiração medieval, nos mistérios e moralidades. Alegórico, segundo o modelo deixado por Gil Vicente, misturando a moral religiosa católica aos costumes dos indígenas. A paradoxal modernidade desses autos rudimentares está na ativa participação da platéia e no espetáculo, por meio do canto e da dança (motivadores para a presença do índio). Não há unidade de ação ou de tempo. Os cenários eram à beira do mar, tendo como atores os próprios jesuítas, os colonos e os índios, não sendo admitida a presença de mulheres. Normalmente trilíngües (tupi, português e espanhol), eram peças escritas em verso que duravam de três a quatro horas de representação até atingirem o clímax maniqueísta: a vitória do Bem, (normalmente personificado por anjos e santos) contra o Mal (caracterizado pelo diabo ou pelos deuses da cultura indígena).

  2. A poesia de Anchieta
    Principais poemas: De gentis Mendis de Saa; De Beata Virgine dei Matre Maria (Poema à Virgem faça o download). Influência da tradição do verso medieval, com o uso de versos curtos e redondilhas, além de uma visão teocêntrica do mundo, buscando no cotidiano e na dicção popular, boa parte das imagens que povoam sua obra. Seus versos expressam sua motivação mística e catequética e sua profunda devoção mariana. A mortificação do humano, o distanciamento dos prazeres terrenos, encontram consolação no amor divino, que contrapõe ao desengano da vida os valores positivos da esperança e da alegria, também presentes na poesia de Anchieta.
Outros autores e obras:

- Diálogo sobre a conversão dos gentios (Padre Manuel da Nóbrega)
- Narrativa Epistolar (Padre Fernão Cardim)
- História da custódia do Brasil (Frei Vicente do Salvador)
- Cartas dos missionários jesuítas escritas nos dois primeiros séculos de catequese.


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