Didaticamente, convencionou-se determinar como marco inicial do Humanismo a nomeação de Fernão Lopes como guarda-mor da Torre do Tombo, em 1418. Seu término ocorre em 1527, quando Francisco de Sá de Miranda retorna a Portugal, após seis anos na Itália, e inicia o Renascimento em Portugal.
O humanismo surge durante um período de transições: da Idade Média para o Renascimento, do feudalismo para o mercantilismo, do Teocentrismo para o Antropocentrismo.
Finda a Revolução de Avis, D. João I, assume o trono português, pondo fim à dinastia de Borgonha. Ao consolidar a independência portuguesa, centraliza o poder e inaugura o Absolutismo em Portugal.
As relações sociais sofrem profundas transformações, com o surgimento de uma nova classe social: a burguesia mercantilista, responsável pelo desenvolvimento do comércio. O poder material torna-se mais importante do que os títulos de nobreza.
As grandes navegações advinda do comércio marítimo, trazem a expansão ultramarina, responsável pela formação do império colonial português, com as conquistas na África e a descoberta do Brasil.
Essa nova realidade mercantil e a ascensão do racionalismo humanista colocam em xeque o sistema feudal e provocam uma crise ideológica que atinge o Teocentrismo e a Escolástica. O pensamento torna-se mais racional e lógico e inicia-se a laicização da cultura. Esta preocupação maior com valores humanos que religiosos faz aflorar o Antropocentrismo. O homem começa a se valorizar, sem contudo abandonar por completo o temor a Deus e a submissão, visto que essa é uma fase predominantemente de transição.
O humanismo caracteriza-se, acima de tudo, como o início da renovação da cultura portuguesa. Esses novos valores, assumidos pelo homem a partir do século XIV, deixam sua marca na produção artística: na pintura, a figura humana ganha forma, expressão e proporção; a música torna-se polifônica, a arquitetura gótica agoniza. A vida religiosa, tema dos artistas até aquele momento, é substituída pelas emoções, pelo comportamento humano e pela vida urbana, uma vez que a própria burguesia passa a financiar a cultura. As grandes obras do período passaram a ter como centro de interesse o próprio homem e a realidade dos fatos.
Os meios de comunicação são aperfeiçoados e as cidades se aproximam, propiciando o surgimento dos os centros urbanos. O conhecimento passa a circular com mais facilidade e a Igreja perde o monopólio do acervo cultural, com o desenvolvimento da imprensa e a formação de bibliotecas fora dos mosteiros. Isso tudo acabou por determinar a supremacia da escrita sobre a oralidade, propiciando o desenvolvimento da prosa literária e a consolidação da língua portuguesa como língua independente.
Literariamente, convencionou-se relacionar a palavra Humanismo ao movimento artístico iniciado na Itália no século XIV. Francesco Petrarca, poeta italiano, é considerado o pai do Humanismo, pois foi o principal precursor desse movimento que espalhou-se pela Europa, no período que corresponde à transição da Idade Média à Idade Moderna. Um de seus principais representantes foi Dante Alighieri. A Literatura passa a oscilar entre a preservação de antigos valores e a preparação de um novo homem e inicia-se o estudo da cultura greco-latina.
Na Literatura Portuguesa o início desse período é marcado pela nomeação de Fernão Lopes como cronista da corte portuguesa e o final com a obra teatral de Gil Vicente.
Durante o humanismo, a corte torna-se o principal centro de produção cultural e literária e a prosa e o teatro assumem lugar de destaque.