Em 1418, Fernão Lopes é nomeado guarda-mor da Torre do Tombo (arquivo do Estado) e em 1434 passa a ser cronista-mor, encarregado de escrever oficialmente a história dos reis. Como ele, inicia-se uma nova época na Literatura Portuguesa.
A historiografia compreende as crônicas históricas dos reis e do povo português e caracteriza-se pelo detrimento do relato oral em favor da documentação escrita. Faz descrições detalhadas sobre a mentalidade, os usos e costumes da sociedade portuguesa da época, através de um trabalho de pesquisa e investigação crítica das fontes para confirmar a tradição e a veracidade histórica dos fatos.
Fernão Lopes ainda usa português arcaico (começa a cristalizar o português moderno como linguagem literária) e apresenta um estilo quase novelesco, com o emprego de descrições minuciosas e movimentadas das aldeias, festas populares, guerras e rebeliões. Também efetua cortes no fluxo das ações e simultaneidade de cenas, empregando diálogos com o leitor e entre as personagens. A figura do rei e do herói são os centros da história (enfocados como seres reais com defeitos e fraquezas), mas sua historiografia não é regiocêntrica: há um grande interesse pelo povo e sua influência nas transformações sociais, considerando, ainda, as causas econômicas dos fatos.
Soube sintetizar em suas narrativas toda a tradição da prosa anterior, da novela de cavalaria à crônica histórica ou moralística, preparando terreno para as novelas sentimentais, surgidas a partir do século XVI. Também pode ser apontado por explorar com propriedade a tensão dramática criada pelo confronto de personagens e de situações, bem como por caracterizar suas personagens de forma bem definida.
Das crônicas que escreve, só restam três. As demais desapareceram:
a) Crônica del-Rei D. Pedro I
b) Crônica del-Rei D. Fernando
c) Crônica del-Rei D. João I
Sua obra mais importante é a "Crônica del-Rei D. Pedro I", que conta o romance de Pedro e Inês de Castro (nobre bastarda de origem espanhola). Como Pedro era o filho mais velho do rei, a corte temia tal união devido à influência espanhola: assim, Inês foi morta durante uma viagem de Pedro. Quando este regressa e se intera do ocorrido, vira um justiceiro.
Sucessores de Fernão Lopes:
Uma vez que a dinastia de Avis tornou-se o centro da produção cultural portuguesa, há a valorização dos escritos que encerrassem ensinamentos e a prosa doutrinária era justamente dirigida à nobreza, com finalidade pedagógica, conforme atestam os títulos das obras:
- Livro da Montaria, de D.João I, em que se ensina caçar o porco montês;
- Livro da Falcoaria, de Pero Menino, que se ensina a tratar das doenças dos falcões;
- Livro da Ensinança, de Bem Cavalgar toda sela, de D. Duarte.
- Virtuosa Benfeitoria e Leal Conselheiro, de D. Pedro.
As Novelas de Cavalaria, surgidas durante o Trovadorismo, são narrativas ficcionais de acontecimentos históricos, relatos de combate e aventuras de cavaleiros medievais enfrentando provações físicas e morais em nome da honra e do amor.
Com o advento do Humanismo, surge um novo ciclo, desvinculado dos ideais religiosos cristãos e com erotização das relações amorosas. Inicia-se com a novela Amadis de Gaula (1508), de autor desconhecido, que foi reeditada e continuada ao longo do século VXI, formando o ciclo dos Amadises, que gerou 12 livros todos em Castelhano:
- Sergas de Esplandiám (1510), escrito pôr Garcia Ordonez de Montalvo;
- Florisando (1510), por Páez de Rivera;
- Lisuarte de Grécia (1514), por Feliciano da Silva;
- Lisuarte de Grécia (1526), por Juan Diaz;
- Amadis de Grécia (1530), por Feliciano da Silva;
- Florisel de Niquea (1532), por Feliciano da Silva;
- Florisel de Niquea (1535 e 1551), por Feliciano da Silva;
- Silves de La Selva (1546), por Feliciano da Silva.