Esta pequena exposição é voltada ao humilde e valoroso
trabalhador do campo: o pequeno lavrador e real filho da terra. Também,
em igualdade, àqueles que têm a verdadeira necessidade do pleitear
para plantar; nunca em dissimulado no prelo do querer.
Sem esquerdas ou direitas, mas na decente intenção
e direção de enfrentar literalmente o chão - senão
aquele do asfalto ou das praças públicas, mas o de engrossar as
mãos na brava luta pelos grãos.
Dos que buscam a verba para a pequenina semente, sem levar à frente barulhentos
interesses políticos.
Enfatiza e enaltece o verdadeiro Homem do Campo, na sua árdua faina do
trabalho de sol a sol. Aquele que planta o verde e também a família,
na eterna vigília da continuação do nome e do preventivo
prover à fome. Também, das singelezas e das alegrias muito próprias
de um viver em familiar autêntico. Assim sendo, dessa gente, há
muita prosa por contar:
- Dito é neto do velho Benedito, que muito lavrou a terra. Em todas as
manhãs, antecipado ao alvorecer, vai pro mato roçar com a Sebastiana
- sua mulher. Sendo a vida do campo de simplicidade absoluta, restam apenas
duas coisas a fazer: trabalhar e roçar. Pois é... Dito,
roçando milho, feijão e cana, acabou emprenhando a Sebastiana.
Mais uma vez.
No meio da vastidão daquele campo úmido do orvalho, Sebastiana,
sempre contente, molhada e sorridente, abria o mato na frente e, Dito plantava
a semente.
Dos espinhos tirando a saia, nos caminhos e pela baia, de tanto roçar
e plantar, não houve como evitar, das muitas crianças criar.
Por Dito não plantar diferente, sua casa tem tanta gente. Do barro tira
o milho e o feijão. Da barriga, outro filho e irmão. Mas sempre
teve a grande vontade do roçar com liberdade. Plantando do outro lado,
sem precisar do arado. Naquele campo macio e aberto, com pouco mato por perto.
Insistia com muita paciência, e ela dizia: - Que indecência! Entanto,
apesar de não achar certo, cada vez ficou mais perto. Um dia, levantou
o vestido, chamando o Dito de atrevido.
Sebastiana, mulher forte e valente, simples, mas extremada, não conseguiu
segurar a vontade daquela tremenda fincada. Do sempre sonhado berrante, em tudo
bem semelhante.
Sentindo o roçar diferente, em estranho ranger de dente, deitou logo
no chão, vibrando de tesão. Essa nova experiência mudou
radicalmente a sua consciência. Na diferença à-toa e certa,
em formidável descoberta.
Não mais se contendo, todas ficaram sabendo. Para a cunhada, a gozada.
Também para a comadre, mas nada dizendo ao padre.
Agora, na pequena comunidade, todas estão com vontade. Virando logo a
cabeça, para que a barriga não cresça.
E o sol se pôs para o roçar do amanhã...