Oficialização da vida
Sou poeta quando advogo
a favor das ações
e contra o peso das palavras.
Sou poeta quando crio músculos
e perco minha alma
e ponho minha mão na terra
e meu corpo cria tecnologias
e meu corpo cria raízes.
Estou convencido que o poema
não serve para amantes,
não põe os pratos na mesa
e não me deixo vencer
pelo dogma que endureceu seu magma
perpetrando a idéia da vida -
pois que aqui também se morre
a cada dia, a cada pouco:
não se pode viver para o poema,
que tampouco se vive
se para tudo tivermos explicação,
para tudo houver razão.
(Zuza Nascimento)
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