SCORPIO"Quem ensinasse os homens a morrer, os ensinaria
a viver." Nigérrimo lacrau, vermelho sangue. Veneno hipnótico, arma de
guerra, malho de cabo curto, correia de ponta metálica, metálico
aço, mentiras em forma de dardos, aguilhão, picada letal, azorrague.
Carnívoro escorpião, de que hostes primitivas vieste? Em que hora
Pandora criou em sonho mimese de tão sutil realidade? Antares, Coração
do Escorpião ferindo o firmamento, confunde-me seu brilho baço,
seu céu fixo, sua estrela reflexa em minha testa lua minguante, o pântano
e o silêncio ameaçador da noite. Esconde-se entre os miosótis,
aracne que nada tece, ao espreitar calada minhas marcas sob a pele, sobre o
vasto. Que aquele que anda nas águas, filho de Poseidon e preferido de
Ártemis, grande caçador feras, aplaque a sede a febre, o grito
lancinante e que me escurece a vista, abraça-me forte. Sou Aurora que
reflete o sol, a dos róseos dedos, de tanta delicadeza. E alucino. Esconde-te
de mim? O que quer Afrodite, lançando-me o gigante? Quero padecer em
dissolução estelar, doce entropia, siderada. Em meio ao sono,
o seu rastejar sobre o seio esquerdo, lento e preciso, o ferrão penetrando
o sexo, tímido corte. Frio, gelado pesadelo: (Zoe de Camaris) |