A Garganta da Serpente

Zé Luis

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Adeus meu amigo Lovecraft mais uma
Vez me vou esconder por detrás das
Cortinas do meu sonho

Se por mero acaso nos teus passeios nocturnos
Pelos cemitérios meios abandonados encontrares
Kafka metamorfosiando-se em deus réptil

Diz-lhe que eu espero a porta da minha alma
A incerteza da sua passagem movida pelos
Ventos Eólios.

Adeus meu amigo Lovecraft que tantas noites
Me levas-te contigo dentro do teu sentir estético
Que apertou o meu ser ate a inconsciência
Da morte fantástica que os teus tambores anunciaram

Ávidos os répteis que com a cabeça de fora
Num abismo de crucificação psicológica se
Disfarçaram de seres pueris

Sou eu amigo!.. Eu sentado a tua entrada
Com as minhas lagrimas apertadas na mão
E esperando o teu soluço sobrenatural , para te
Dizer que sofro de um romantismo imperdoável.

Se vires nas tuas viagens nocturnas um
Ser agarrado a ele mesmo, não lhe perguntes
Se o fetichismo das palavras e igual ao soluçar
Da noite

Estou sentado as fronteiras de algo que não
Me pertence
Estou apenas sentado porque já não posso estar de pe
Este meu cinismo de acido que me rói as entranhas
E me leva para as catacumbas da existência mórbida
Obrigam-me a sentar

Eu sei que foste alem daquilo que o alem tem
Eu sei que cruzas-te os caminhos do espetáculo
Onde o actor e aquilo que não e para ser aquilo que e

Espero por ti no segredo das ruas desertas
Onde o vampirismo se transforma em cores de neon
Espero por ti escondido debaixo da minha capa

E quando vieres eu abro as cortinas pesadas
Dos meus sonhos
E peco ao Kafka para que seja a luz


(Zé Luis)


voltar última atualização: 23/07/2007
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