A Garganta da Serpente

Zé Luis

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A CHUVA

A chuva cai no meu caminhar
Apenas o silêncio dos meus passos
Se identificam à morte que trago
Agarrada a mim

Num balançar que se precipita
No meu equilibrio
Estou só na terra
Como estarei só para além de mim

Oh… Deus que farei eu do meu
Abismo
Tudo é mais forte do que eu

As gotas desta chuva que me
Bate na face
Deixam rios na minha alma

O meu coraçao deixou de bater
Apenas sinto o meu pensamento
Longinquo

Serei eu a minha própria subsistência?
Ou será ela tua!… Deus suprêmo!..
Ou passos que dou ao lado
Do meu pensar

Terei que chorar sobre a minha
Própria privação
Até sentir o meu cérebro secar?

Deixarei só porque chove e
Sinto a terra húmida
alimentar e transmitir

Pelos canais vivos e sempre
Prontos
As lágrimas que obtenho de mim
Para sair de mim ?

Poderei esquecer só porque
chove o meu silêncio ?
Poderei desviar os olhos de quem
Me olha ?

Terei que pagar tributo ao espirito?
E tu?
Pagaste tu tributo ao teu espírito ?

Se não pagaste
Pensa que há um tributo a pagar
Cada dia se deve pagar tributo!

Só assim nos sentiremos como um guerreiro
Dormindo à sombra do sonho
Só assim podemos livremente
Olhar para a alma

Interrompo-me ao sentir
O parar das minhas
Palavras

Porque me vejo cego e longe
Porque me sinto
E me vejo caminhar perto
Da chuva que cai

Junto dos meus passos


(Zé Luis)


voltar última atualização: 23/07/2007
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