A Garganta da Serpente

Zé Luis

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

COMO O VENTO

Como se fosse o vento que passasse
Como se fosse a minha configuração
Existente que se declinasse diante de mim

Como se a minha vida fosse simplesmente minha
Perdida nos becos do meu ser
Perdida na minha imaginação
Eu feliz depois de saber não sei porquê

Feliz deste cansaço que sinto dentro e fora de mim
Como quando me contemplo à porta das tabernas
Fechadas pelo tédio da ficção de quem vive

Cerca de mim
Mundo exterior insuportável
Mundo que existe para além do existir
Mundo sensível de quem adora as primaveras
De cada rotação da alma

Vivemos longe e perto das sensiblidades de Ninguém
Tudo é vago e concreto tudo é inerte tudo é alma
Cada hora é uma sensação, cada sensação apenas
Uma expressão que se tem em frente do espelho

Expressões que traduzem os céus os mares
As flores da primavera
Os amores quentes de verão as ruas cheias de Gentes

Os felizes e os infelizes que se encontram à porta
Dos teatros da meia noite
Os sorrisos absurdos de quem tem a simples Expressão
De que sente

Tudo cheio como o Tejo que passa lentamente
Em frente dos meus olhos semi-cerrados
No pensamento da chuva que cai
Num surdo cair de matéria morta

Nada mais tenho a dizer que olhar
O amor dos outros
As mulheres que passam nos arredores
Dos jardins cheios de olhos adjacentes

Vale a pena olhar o amor com risos e flores
Apertadas nas mãos suadas de tardes de verões
Longas e sem razão ?

Estou dentro de mim e olho ainda quem passa junto
Da minha janela, e perto do meu sonho.


(Zé Luis)


voltar última atualização: 23/07/2007
13370 visitas desde 01/07/2005

Poemas deste autor:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente