FÊNIX CADÁVER
De tudo o que se passou na minha vida, algumas coisas deixaram manchas.
Marcas de cinza no colorido do dia.
De tudo o que se passou na minha vida, só você apagou por completo
a cor, deixando tudo cinza.
Deixando tudo cinzas.
Cinza, onde estou, de onde um dia talvez renasça.
Ou talvez não.
Talvez deva permanecer no fundo da terra, pó assentado, convertendo-me
em adubo da minha mágoa.
Aumentando a dor que me matou e que me força a remorrer.
Pois tudo é cinzento e sem vida.e não há brasas embaixo
das cinzas. Soprá-las é ato vão.
Soprá-las é espalhar o rastro cinzento do meu passado no presente.
E melhor presente morto que cheio do pó dos dias perdidos.
E também...
Minha alma há muito cansou de soprar.
(Yara Ferreira)
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