A Garganta da Serpente

Yara Ferreira

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

A DAMA RASTEJANTE

Eu sou um parque inacabado
com grama crescendo a esmo
e musgo brotando no escuro.

À sombra de promessas desfeitas,
folhas secando nos galhos.
luzes, nos postes, acesas.

Eu canto pra que o rio morra.
Pra que as coisas abracem o caos.
Pra que o amanhã nunca surja.

Canto pra que a tristeza abandone meu peito.
Pra que as lembranças se unam em fuga.
Eu canto pro meu mês de outubro.

E, quando, enfim,
a raiz estiver seca,
que caiam as flores do jasmim
e a minha voz, então, floresça.


(Yara Ferreira)


voltar última atualização: 14/11/2008
11566 visitas desde 14/11/2008
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente