Incontinência Poética
Não escreverei um poema.
Nem que de joelhos implorem
façam manha
birra
tremeliques
que injetem minúsculos robôs no meu cérebro
percorrendo meu sangue frio
à procura de uma rara rima
chave de ouro
versos brancos
livres
sincopados
Pode padre matar
puta gozar
Deus cair de pára-quedas
r
o
d
o p
i
a
n
d
o
como água no ralo
na ponta do calo
uma agulha espetar-espetar-espetar
Impossível criar:
a Musa de quatro / tarja preta na boca / arame oculto
bordado nos lábios...
Só imagem e cena:
anverso do Mundo
(jamais um poema!)
(Willian Delarte)
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