Cinza... escurecendo... negro
Publicaram a versão agnóstica do Livro da Vida.
Não o li por achar que eu mesmo poderia tê-lo escrito.
O céu não abre; está plúmbeo.
Chova logo, e muito!
Ponho vinho na taça e a cadeira perto da janela para ver o evento.
Nos dias atuais, quem se propõe a andar sob este temporal?
Andei chorando, depois adormeci.
Acordei no quarto escuro e pensei que estava cego.
Acordei no quarto escuro e percebi que estava só.
Acordei no quarto escuro e quis, com muita vontade,
acordar na sala clara, pendurado no ventilador.
Mas guardo comigo, sob o travesseiro, minha coleção de nãos.
Colhi mais dois ontem...
Mas eu queimei as minhas caixas!
Quem me dera eu fosse um poeta comerciante,
vendendo sonhos e comprando almas...
(10.10.2002)
(William Silva)
|