A Garganta da Serpente

Walter Sá Cabral

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Tenho medo

Eu, como uma espada sem fio.
Um casulo. Me enclausuro no útero da minha bainha , mais cedo
Sim, tenho muito medo.

Medo do mundo, medo do sonho
Medo, no fundo, do ente risonho
Medo profundo, do que há de vir

Medo da forca, o sangue que estanca
Medo da força, que aperta a garganta
Medo que o esforço não faça sorrir

Medo da Igreja, que vende o caminho
Medo que esteja rumando sozinho
Medo do muro que esconde o jardim

Medo do escuro, vivendo sem norte
Medo futuro, pensando na morte
Medo que seja o início do fim

Eu como um cego, numa noite de frio
Um errante, com saudade do ventre materno. Sim tenho muito medo
E penso, meu medo é eterno

(14/05/2005)


(Walter Sá Cabral)


voltar última atualização: 21/06/2005
5721 visitas desde 01/07/2005

Poemas deste autor:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente