Malhar com Desejo
Ia comer uma maçã... Não a comi, por quê?
A noite já se ia, o pensamento vagava,
pra onde, em quê? Onde encontrá-la,
mais uma vez escapava à tarde quente,
o céu azul brilhou na ponta da navalha
que cortaria a maçã e liberar o aroma
e comer dos seus sais e beber do seu mel,
dormir no seio da macieira.
O que seria naquela maçã fugidia,
uma mordida combinava, o que sente?
Se falasse... o pigmento denunciaria?
O toque acolhido, a passos curtos
circularia a Terra
e dos Alpes retirava o gelo puro
e do mar apanhava sua estrela
e no centro da vitória-régia, a maçã,
em sua pele as gotas do orvalho deslizam,
o vermelho do sol reluz, os delírios são doces...
na trama do pomar o sapo dança.
(Wagner Chaves)
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