A Garganta da Serpente

Vitor Schmaltz Martins

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Adore

Não quero dizer eu te amo
Quando na verdade é muito mais
É desejo,
É necessidade
Uma estranha ânsia de você
Incontrolável assim como os sentimentos de perda
Eternos os momentos
E ao mesmo tempo tão curtos
Se passam em meio a horas de palavras sem sentido
Com apenas um propósito implícito em olhares

Não te amo
Te ponho em um templo de adoração
Te adoro como a deusa das deusas
Onde imperfeições se tornam à vista do mortal
A mais bela virtude
Sendo o mais fiel dos servos
Espero com o fervor d'uma beata que
Leve-me aos céus
Esta deusa de carne e sonhos
Amar?

Pra que temer a rosa?
Se o melhor é se ferir
E aventurar-se entre espinhos
Inda ao final contemplar um odor único
De flor intocável e delicada

Se entre um jardim cheio de morte
e cores sem vida
tu és a única rosa vermelha,
Esplendorosa, se mostra entre
O capim e o resto
Vive do néctar da própria existência
Sabendo mesmo sem querer
Seu valor universal entre as estrelas
E com um brilho infindável de um imenso sol
Ilumina o sorriso daquele que em seu rosto
Ainda vê a esperança
De um futuro perfeito
Sabendo que ele nunca virá


(Vitor Schmaltz Martins)


voltar última atualização: 05/10/2004
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