Quaisquer
Deveras o chão
é mais firme agora; a manhã,
mais fria e o sonho,
mais me apavora.
O papel está rebelde e a caneta,
com revolta.
A poesia é a chave e a chaga, a volta
sem volta,
o desastre, o desarme.
Guerra insana em mim. A mim,
parece-me que sou atenta
detenta
por um crime qualquer.
Sem quaisquer juiz e culpa
vou-me repetindo a desculpa
que já não sei me ser.
(Virgínia Cellestte)
|