A Garganta da Serpente

Violeta Teixeira

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Sucumbo ao sono.

Somos três corpos,
Tatuados de acentos
Conturbados.

Acordo-me. Devaneio?
Deliro?

Levantam-se e partem,
Envoltos num silêncio
Gélido.

Agasalho-me no fogo
De um cigarro:
Frémito de um pulso
Fissurado.

Não se conhecem.
Não se vêem um ao outro.

Enlouqueço?
Sorvo o sabor de
Cinzas, no rebordo
Íngreme de um reaceso
Malogro.

A um entrego o corpo
"Tout cour"t. Ao outro
Desaguo, debalde, o coração,

Fantasmando
O navegado no gozo
Efémero, e sem retorno.

Fumo. Fumo. E sofro.

Olhos amornados
Por um Outono absurdo.

(inédito in BOLORES DE AUSÊNCIAS)


(Violeta Teixeira)


voltar última atualização: 10/02/2006
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