A solidão desse rosto
I
A solidão desse rosto,
estampada no selo dos teus olhos,
devora toda a luz do dia que se finda
e aguarda a noite muda para sua consagração
Encerras medo e euforia
nos movimentos desconexos conduzidos por teus membros
frágeis
morenos
delgados
Perdeste o tino:
ganharás um sopro de brisa que virá repousar
em teus lábios
semi-abertos.
II
Segue,
que teu passado
teu presente
teu futuro
convergem singulares no leito aberto desse rio
conjugado em sonhos pueris
Desce,
junto à correnteza que te aguarda
pela
manhã
e pega carona no barco desgovernado
que te orientará o
peito
ferido.
(Vinícius dos Santos)
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