A Garganta da Serpente

Vinícius dos Santos

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I

De repente, um punhado de frutas secas
preencheu o vazio dos meus
olhos como areia e mel
E o som dos seus cabelos
dedilhou os pêlos do meu corpo adormecido

Nenhum sinal,
nem o vento,
só o cheiro de sal e fumaça
e o cansaço se abateu sobre mim

A lua quer vencer a sombra
tímida que motiva meus braços
E a leveza que nasce em seus ombros
penetra o território escondido do meu sangue de cobre

Não há arcos
ou noites de estrelas pacíficas
E meus olhos doem de
cerveja e calor numa fragrância
que se prolonga até setembro

Resta a poeira de passos obscenos
Resta a imensidão
do silêncio desenhado à distância
por suas mãos de silhuetas azuis
Resta um pouco da madeira de
nossos corpos colados ao muro
e cercados de roseiras e crianças dormindo.


(Vinícius dos Santos)


voltar última atualização: 10/03/2010
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